Um pedaço de madeira e vários penduricalhos! Tem de tudo, latas, tampinhas de garrafas, arames e pratos de bateria, tudo para produzir som. Estamos falando de um instrumento que é tradição na cultura germânica, o teufelsgeiger.
Também conhecido como o violino do diabo, ele não lembra nada do violino clássico. Neste, o objetivo é um só: fazer barulho! Algumas vezes é tocado, inclusive, com um serrote. É possível encontrar alguém tocando um desses na 37ª Oktoberfest Blumenau.
• Clique aqui e faça parte do nosso grupo de notícias no WhatsApp
Célio Krieger, de 75 anos, é um apaixonado pelo instrumento de percussão. Montou o dele há 31 anos e não larga mais. Ele conta que para aprender a tocar o violino é preciso ter sensibilidade e também ouvir muita música para entrar no ritmo das melodias.
Em seu pedaço de madeira, tem várias fitas, brasões dos times do coração da esposa e neto, um quebra-nozes que mexe os braços e, até mesmo, uma mecha do próprio cabelo. Tudo para transformar o violino do diabo em algo único e personalizado.
Mas, ainda que pareça brincadeira, esse instrumento também carrega muita história. “Antigamente na Alemanha, os lenhadores iam para a mata e como tinha neve, eles não tinham o que fazer, aí pegavam um galho de árvore e colocavam aquelas latas de conserva em baixo e ficavam batendo para se distrair”, disse.
Cada violino é único
Outro detalhe importante sobre o teufelsgeiger é que, segundo a tradição, o próprio tocador precisa fabricar seu violino. Assim, normalmente, cada músico costuma criar o instrumento com a sua particularidade.
Por ser usado em músicas no estilo folk, esse violino vem caindo em desuso, mas muitas pessoas apegadas à história tentam perpetuar sua cultura. Foi o que fez André Baltazar Fischer, de 46 anos.
Vendo a importância do instrumento para seu avô, ele resolveu juntar um cabo de vassoura, alguns arames e uma lata de tinta. E desde então não parou mais. Há cerca de 10 anos que ele mantém essa tradição da família.
“Conheci uma turma bem bacana que me convidou para tocar aqui na Oktoberfest e daí eu fiz um bem detalhado, bem bonito”, disse empolgado. Ele conta uma história um pouco diferente da de Célio, por exemplo. E explica que o instrumento, além de divertir os lenhadores, também auxiliava a afastar os maus espíritos da floresta.
Assista o vídeo sobre o instrumento:
Reportagem de Maurício Cattani e Letícia Lima