Abusos que surgem aos poucos, sutilmente, e vão passando dos limites até causar sofrimento e dor. Não, não estou falando de um relacionamento amoroso tóxico ou abusivo, mas do relacionamento de muitos motoristas com a velocidade e o quanto isso representa de potencial de risco e dano aos coletivo.
Enquanto você lê esta coluna dezenas de condutores estão sendo flagrados e autuados nas ruas de Blumenau por excederem o limite de velocidade máxima permitida. Hoje mesmo começou a valer a fiscalização de velocidade em mais 75 faixas de tráfego na cidade totalizando 127 ao todo. Ah, os equipamentos eletrônicos também registram o avanço de sinal vermelho e quando avançam para cima da faixa de pedestres na mudança de sinal luminoso.
Terra sem lei
Você já imaginou se não existem as leis de trânsito? Será que seria melhor ou pior? E olha que nem estou falando só dos equipamentos que fiscalizam a velocidade, mas de todas as infrações previstas no Capítulo XV do CTB que diariamente são violadas e nem sempre geram autuações porque não se dá conta de fiscalizar.
Pensa naquela infração de trânsito cometida pelo motorista que complica a sua vida e que te dá uma raiva danada! Por exemplo, convergir ou mudar de faixa sem dar seta, cortar a sua frente, furar o sinal vermelho quando ficou verde para você, trafegar na contramão, e por aí vai!
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Quantas vezes você já disse “bem feito” para um motorista abusado que vinha fazendo miséria no trânsito, quase te envolveu numa colisão e ali na frente teve a infração registrada por um equipamento fiscalizador de velocidade? Coisa boa ver um motoqueiro empinando a moto na sua frente ser abordado por um agente de trânsito, né?
Lembra de quando você leu a notícia de que um casal de idosos foi atropelado e morto na faixa de pedestres porque um motorista vinha acima da velocidade e não conseguiu frear a tempo? Logo nos vem à mente que poderiam ser nossos pais, nossos avós ou outros idosinhos da família. Revolta, né?
Já pensou que se não existissem leis de trânsito para flagrar, autuar e tentar interromper a infração que vem sendo cometida seria uma verdade anarquia nas vias públicas?
Se com as leis vigorando a sociedade já reclama do sentimento de impunidade, imagina se as vias públicas fossem terra de ninguém!
Bebunlândia
Bora falar de outro tipo de autuação que irrita quem a comete, mas que de alguma forma as suas consequências tiram o lugar de quem adoece por causas naturais nos hospitais: dirigir sob o efeito de álcool ou drogas.
Imagine uma cidade qualquer em que não tivesse as leis de trânsito que dessem a previsão legal de flagrar, autuar e punir quem dirige sob o efeito de álcool! Mais da metade da Bebunlândia estaria morta ou sequelada a altos custos para o sistema de saúde daquela cidade porque todos dirigiriam sob a mesma condição. Paraíso ou anarquia sem controle?
Riscos assumidos
Todos os usuários do trânsito precisam de limites, principalmente os motoristas. Enquanto estão conosco no processo de formação de condutores são esclarecidos, orientados, têm acesso às informações de todo o tipo que vão formar o seu conhecimento sobre o que é certo e errado, sobre o que pode e não pode fazer em via pública. O que vem de errado daí em diante são escolhas conscientes e mal feitas. Riscos assumidos.
O cara sabe ler a placa que proíbe ultrapassar em linha contínua amarela simples ou dupla justamente pelo risco de colisão frontal, mas decide fazer mesmo assim por razões pessoais: está com pressa, para demonstrar habilidade ou qualquer outro motivo. Comete a infração consciente, pode prever o resultado, mas mesmo assim assume o risco e quando é autuado regurgita o discurso de indústria da multa.
O cara sabe que se dirigir com velocidade demais vai precisar de mais tempo para frear e parar o veículo totalmente, mas mesmo assim dirige além da velocidade permitida. Se atropela e mata vai dizer que não viu o pedestre. Imagina, saiu do nada, quando na verdade quanto mais velocidade menor o campo visual do condutor até em linha reta!
Necessidade de limites
Desde que o mundo é mundo os seres vivos necessitam de limites. Assim como certos seres vivos precisam de mourões e cercas para não fugirem e se colocarem em risco assim também necessitam os do reino Animalia, do filo Chordata, da classe Mammalia, da ordem Primata, da família Hominidae, do gênero Homo, da espécie Homo Sapiens, que quer dizer Homem Sabido e que um dia vai dirigir algum tipo de veículo em via pública.
Assim como precisa haver uma organização social com leis e regras bem claras que disciplinem a vida em sociedade para que o modo como fazemos as coisas para facilitar a nossa vida não prejudique a vida dos outros, no trânsito também é assim. As leis de trânsito surgem na sociedade, justamente como o conjunto de normas que regulam o deslocamento de todos nas vias e sua função básica é garantir a segurança de todos no trânsito.
Por excelência, leis de trânsito também têm função de controle social para evitar e resolver os conflitos e tensões que se estabelecem na via e na vida cada vez que uma norma é violada e caracteriza a infração de trânsito. Leis de trânsito resolvem conflitos, mas se forem desrespeitadas aqueles que as burlaram criam novos conflitos com sérias consequências.
Excesso de velocidade potencializa o risco de danos e tragédias no trânsito. Fato. Para isso existem os limites de velocidade estabelecidos por estudos técnicos e quem os infringir está sujeito a ser autuado e punido pelos mecanismos de controle.
Não caiam na ilusão de que fiscalizadores eletrônicos de velocidade educam. No máximo acabam condicionando o motorista a reduzir a velocidade quando os enxerga. Também não caiam na ilusão de que criar mais obstáculos nas vias vai forçar os motoristas a dirigirem mais devagar porque só vai prejudicar a fluidez e tornar o trânsito mais lento. Faz tempo que se estuda sobre isso.
O fato é que o motorista não é o dono da rua, esta pertence à cidade, ao coletivo. Se ele não respeita as regras para transitar com segurança deve ter algum tipo de controle, fiscalização e punição.
Não existe “prá mim tá bom assim!” quando existem leis a serem respeitadas e o motorista pertence à sociedade.
Ou chama à responsa no pedal ou no manete do acelerador ou arca com as consequências. Simples assim!
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