Depois de seis enchentes em pouco mais de um mês cujas consequências alteram completamente a rotina dos blumenauenses, no Vale do Itajaí e em todo o estado somado a mais de 100 ocorrências nas rodovias catarinenses em quatro dias acende o alerta: é preciso (re)aprender a dirigir na chuva.
Enquanto as cidades seguem castigadas pelas águas as previsões são de que o fenômeno El Niño não dê trégua ao longo de todo o verão. O desafio dos condutores e demais usuários do trânsito é de não criarem ainda mais dificuldades do que as existentes.
É muita água, é muita lama, muito sofrimento para milhares de famílias em todo o estado e a vida no trânsito não pára. Seja para ir e vir do trabalho, escola das crianças, deslocamentos necessários para outras cidades e estados ou mesmo para tentar remover objetos e pertences das casas antes que a água suba tudo é feito pelas vias.
Se com tempo seco já são provocados sinistros de trânsito que poderiam ser evitados, com a situação das chuvas constantes e enchentes é necessário ainda mais cuidado.
Situações adversas
Em tempos de enchentes recorrentes as situações adversas se multiplicam e predominam principalmente nas vias urbanas e isso afeta o modo de dirigir.
Aquela via que você está acostumado a dirigir todos os dias podem conter armadilhas causadas pelo excesso de água. A terra não dá conta de absorver, vai ficando mole e propensa a deslizamentos de terra, desbarrancamentos, desabamentos, queda de árvores, e interdições. A velocidade ou a falta de atenção com que se dirige pode piorar as coisas.
Ficar de olho nas notícias, nos boletins meteorológicos e mapear no GPS as vias já comprometidas ou com alagamentos ajuda a escolher a melhor rota, que nem sempre pode ser a mais curta, mas é a mais segura.
Alagamentos
Com as ruas alagadas um dos maiores riscos é de arrastamento do veículo pelas águas. Com chuva forte, se necessário, interrompa o trajeto e busque abrigo em local seguro. Não arrisca!
Se a rua já estiver alagada e a água acumulada passar da metade da altura da roda não prossiga, volte, busque lugar seguro e espere a água baixar. Nesses casos, o risco é de calço hidráulico que pode te custar um motor novo (e até um carro novo) se a água entra pelo cano de escape e chega até o motor.
Se for possível seguir com segurança e as águas não subirem demais dirija em 1ª marcha e devagar. As marolas invadem as casas e lojas mais depressa. Se o carro interromper o funcionamento do motor na travessia do alagamento não tente ligar de novo.
Não freie nos primeiros minutos após conseguir sair do alagamento e mantenha o sistema de ventilação ligado. Atenção na manutenção desse sistema porque com chuvas constantes facilita a proliferação de fungos e bactérias.
Rodovias
Nas rodovias os principais obstáculos que exigem total atenção dos condutores são os deslizamentos, alagamentos, quedas de árvore, danos ao pavimento e outros estragos. Tudo isso altera o modo de dirigir habitual. Passa a ser comum encontrar interdições parciais ou totais, trânsito em meia pista.
Só na última semana foram mais de 100 ocorrências em quatro dias. Relembre na reportagem aqui do Portal: https://alexandrejose.com/2023/11/mais-de-100-ocorrencias-sao-registradas-nas-rodovias-catarinenses-nos-ultimos-quatro-dias/
Reduzir ainda mais velocidade e dar boa distância de seguimento dos outros veículos é fundamental. Com chuva o seu veículo vai precisar do dobro de distância para parar completamente e os freios perdem eficiência.
Os primeiros 15 minutos da chuva: aí é onde mora o perigo. A chuva lava o asfalto e retira das ranhuras e deformidades do asfalto sujidades como óleo e outros detritos que parecem invisíveis com o tempo seco. O risco do veículo perder a estabilidade, aquaplanar e rodar invadindo a outra faixa de tráfego é enorme!
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias do Portal Alexandre José no WhatsApp
Pneus
Muita gente pensa que o que faz o veículo parar são os freios, só que não. É o atrito dos pneus com o pavimento e para isso os pneus precisam estar em bom estado. Os sulcos não podem ter atingido o TWI, um quadradinho de borracha que fica no meio dos sulcos dos pneus. Se acontecer, isso significa que a ranhura tem menos do que 1,6mm e isso deixa o condutor mais vulnerável a um sinistro de trânsito.
A medição também pode ser feita com inserindo uma moeda de R$ 1,00 no sulco. A parte dourada corresponde a 1,6mm.
Segundo os fabricantes de pneus quando eles estão em bom estado, com 100% de sua capacidade de dispersão, podem dar vazão a até 30 litros de água por segundo a uma velocidade de 80 km/h. Se os sulcos atingem o limite legal de 1,6 mm essa capacidade cai para 55%, o que impacta direta e negativamente a dirigibilidade e a segurança.
Freios
Na chuva o carro precisa de três vezes mais espaço para frear com segurança. Para isso os freios, que são um dos principais itens de segurança do veículo, precisam estar em dia. Os sinais de desgaste podem ser percebidos quando ao frear ouvir um chiado.
Outro sinal pode ser a sensação de freio esponjoso, ou seja, quando o condutor freia e parece que o freio vai acabar, precisa pressionar mais para obter o mesmo resultado de frear suave. Isso é sinal de que passou da hora de revisar o sistema de freios.
Não basta ter o sistema de freios em dia, é preciso saber usar: freia na reta, antes da curva, retoma a velocidade no meio dela gradualmente. É assim que se evita saídas de pistas e colisões contra objetos fixos faça chuva ou faça sol. Não desafie as leis da Física.
Responsa
O condutor é responsável por tudo relacionado ao seu veículo, seja em relação à manutenção preventiva, corretiva e ao modo de dirigir. Decisões erradas cobram um preço caro.
É comum se ouvir que quando chove parece que muitos motoristas se esquecem de como dirigir e continuam abusando da falta de cuidados: aceleram demais sabendo que o veículo precisa de mais tempo para parar, colam na traseira dos outros desrespeitando a distância de seguimento, cortam a frente dos outros em cruzamentos, não dão seta, e por aí vai.
Das duas uma: ou redobra a atenção e os cuidados ou tem de reaprender a dirigir com segurança.
Aulas teóricas
Para os colegas instrutores de trânsito um cenário como o que vem sendo enfrentado por Blumenau e que se repete em todo o estado com as chuvas é uma oportunidade pontual (diria até que uma necessidade) de trazer esses recortes da realidade para as aulas práticas e teóricas em todas as disciplinas do curso de formação, especialização e reciclagem de condutores.
Quanto mais os futuros motoristas conhecerem e presenciarem a realidade para aprender a lidar com ela com segurança melhor para o coletivo.
No sobe e desce das águas enquanto a vida segue manter as revisões e manutenções do veículo em dia e dirigir com prudência é mais do que necessário. Se já sabe fazer aplica, se nãosabe (re)aprende para o bem de todos.
Leia mais notícias de Blumenau e região
Homem é preso por porte ilegal de arma em Ascurra; Vizinhos ouviram disparos e polícia foi chamada
SC tem mais de 70 municípios em situação de emergência e quase 6 mil pessoas desabrigadas
Santa Catarina volta a ter ocorrência de chuva a partir desta terça-feira