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Emerson Luis. Esporte: Somos

Não lembro de ter ter chorado em algum momento na infância pelo Fluminense.

Como acompanhava os jogos ao lado do meu pai, seu comportamento, invariavelmente oscilava da irritação para o entusiasmo.

Tudo, evidentemente, passava pelo resultado.

Não havia meio-termo com seu Waldemar.

Meu coroa era daqueles de xingar técnico, jogadores e juiz.

Mas lamentar, ficar triste, verter lágrimas…jamais.

Meu pai e seu irmão Lica. Foto: Valmor Zilinski

Pena não ter nenhuma foto sua com a camisa tricolor.

Muito menos um registro ao seu lado.

Os flashes estão na memória.

Na década de 80, máquina fotográfica era para gente abastada.

O que não era o nosso caso.

“Altar” do tio Valmor em sua casa. Foto: Arquivo pessoal

As fotografias são do meu tio Valmor.

Que ratificam nosso DNA tricolor.

A hereditariedade foi quebrada pelo Denilson.

Era o mano mais velho.

O Flamengo de Zico explica o “acidente”.

Denilson, Jeferson, Julio e eu no bairro Água Verde. Foto: Arquivo pessoal

Fui forjado desse jeito.

Além da herança clubista, a genética também me vacinou como um cara “insensível”.

Pois me levo à sério demais.

Principalmente no ambiente de trabalho.

Porém, em momentos de lazer assumo minha verdadeira identidade:

Sou parceiro, intenso e por vezes emotivo.

Na semifinal contra o Olímpia até a galera da patota entrou no clima. Foto: Alex Agra

Prometi para mim mesmo agir com naturalidade, sem exagero ou lamentação, caso o Fluminense fosse campeão ou não.

No entanto, não me aguentei após o apito do colombiano Wilmar Rondán.

Chorei de felicidade ao ver meu tio Valmor em prantos.

Bem como seu filho Julio.

Júlio e o seu pai Lica. Foto: Arquivo pessoal

Não tenho dúvidas que a tia Marli, que não desceu para comemorar, também chorou, de forma copiosa.

Pelo marido.

Pelo filho.

Pelo presente.

A emoção do tio Lica e dos familiares no último sábado. Foto: Elton Pedroso

Estávamos lá no bairro Água Verde.

Todos abraçados, agarrados, extasiados…

Meus pequenos vibrando juntos.

Personificando o avô ausente (fisicamente).

Esposa corintiana também virou tricolor por um dia. Foto: Arquivo pessaol

De arrepiar.

Como mostra esse vídeo filmado pela Roberta.

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Seu Chico na construção da casa com a camisa do Flusão. Foto: Arquivo pessoal

Não queria limitar esse contentamento em algo pessoal.

Por isso, ao longo da semana, fui atrás de fatos e fotos para ampliar essa vitória mágica.

Recebi um retorno tão bacana, com histórias ricas, e não menos emocionantes.

Como a da família Formento.

Que perdeu o patriarca esse ano.

Seu Chico sonhava com o título da Libertadores.

Momento épico no Maracanã com a conquista inédita da Libertadores. Foto: André Durão.

Foi honrado e dignamente representado pelo Jean e pelo Jenilson.

Lorenzo, Jenilson, Jean e Dionísio na Alameda com o quadro do sr. Chico. Foto: Arquivo pessoal

Pela esposa, dona Graça, que torcia pela felicidade do marido e dos filhos.

Além do irmão palmeirense Jeferson e demais parentes.

Tive o privilégio de conhecer Seu Chico e a família Formento. Foto: Jeferson Formento

Seu Chico ficou ainda mais sereno.

Em paz com seu coração verde, branco e grená.

Seu Chico ao lado do filho Jean. Foto: Arquivo pessoal

Giovani Vitória tem um relato parecido.

Giovani com a camisa tricolor. Foto: Arquivo pessoal

O jornalista perdeu o pai em 2018.

Dois anos antes, Seu Lírio conduziu a tocha olímpica pelas ruas de Blumenau.

Giovani e o pai Lírio Vitória. Foto: Arquivo pessoal

Nas suas redes sociais, antes da decisão, escreveu um texto (profético) em sua memória:

“O futebol não é guerra! O futebol é um jogo! Um jogo que une! Cria laços!

Laços como esse que criei com meu PAI!

Quis o destino que você conquistasse a Glória Eterna antes do nosso Flusão! Dois anos após você vivenciar um dos maiores momentos da tua vida!

Mas sei que hoje você vai estar presente lá no Maraca, a casa do nosso tricolor! Dando aquele empurrão para conquista desse tão esperado sonho!

Esse título será em tua homenagem!

MEU PAIZÃO!

SEREMOS!

Giovani Vitória e sua homenagem ao pai. Foto: Arquivo pessoal

E prosseguiu parafraseando Nelson Rodrigues:

“Quando o Fluminense precisa de número, acontece o suave milagre: os tricolores vivos, doentes e mortos aparecem. Os vivos saem de suas casas, os doentes de suas camas e os mortos de suas tumbas”.

Família de Luciano Carlos. Foto: Arquivo pessoal

Conheço Luciano Carlos desde a década de 90.

Todavia, não sabia que todos os seus irmãos eram tricolores.

Eles se reuniram na casa de um deles e fizeram uma grande festa.

Paixão entre os irmãos Diego, Thiago, Luciano e Cristiano. Foto: Arquivo pessoal

Melhor de tudo é saber que existe uma nova safra de torcedores surgindo.

Era necessário rejuvenescer.

Por livre e espontânea pressão (ou não).

Safra jovem de tricolores. Foto: Arquivo pessoal

Só que alguns sentimentos são naturais e extraordinários.

Como a vinda do Pedro.

Que nasceu na semana da final.

Exatamente no dia 30 de outubro (segunda-feira).

Allan Felpe Nunes e o filho Pedro que nasceu na semana da decisão. Foto: Arquivo pessoal

O pai, Allan, não perdeu tempo, e já vestiu o mantinho tricolor no filhote.

Juntos, na casa de parentes e amigos, no bairro Itoupavazinha, presenciaram a glória definitiva.

Em pé, Luciano e Fernando; Richard e Allan. Foto: Arquivo pessoal

Eu, por outro lado, admito que tive de fazer um trabalho, digamos, psicológico, para tentar convencer meus filhos a se tornarem Fluminense.

A Taysa nasceu em 2013.

Ela viu o principal rival ganhar quase tudo.

Se não houvesse uma lavagem cerebral eu teria um desgosto profundo.

O último grande feito foi o Brasileiro de 2012.

Na Alameda comemorando o título brasileiro de 2012. Foto: Arquivo pessoal

Foi uma grande seca.

Que acabou em 2022 com o campeonato carioca.

Veio o bi em 2023.

E por fim, a taça tão almejada.

Não tem mais volta.

Em casa com os filhotes na final do Campeonato Carioca. Foto: Arquivo pessoal

O amor da Tatá pelo Flusão é tanto que essa semana, por coincidência, ela teve de fazer uma atividade sobre um ídolo, uma referência.

E eu achando que era o cara!

Fui trocado pelo Cano.

Por uma ótima causa.

Cano vibra com a taça de campeão. Foto: Reprodução/Terra

O Tales, por sua vez, com seus 5 anos, teve seu caminho pavimentado na imposição mesmo.

Exagerada do pai, reconheço.

Não podia dar mole.

As crianças são facilmente influenciadas.

Especialmente pelos amiguinhos da creche e do futebol.

Tales na surpresa feita na escolinha no Dia dos Pais. Foto: Arquivo pessoal

Tato frequenta a escolinha do Planet Ball.

Seu professor é Ricardo Leonetti, ex-goleiro do Flu.

Com Ricardo Leonetti e Romerito em evento da FluTimbó. Foto: Arquivo pessoal

Outro que veio aos prantos com o triunfo diante do Boca.

Leonetti, emocionado após o fim da partida. Foto: Marilene Guenther

Amor que repassou ao filho Ricardinho.

Ricardinho com a prima Lívia na Alameda. Foto: Arquivo pessoal

Tivemos outros fatos marcantes.

Tricolores se reuniram em um soccer no bairro Fortaleza. Foto: Nathan Kuntz

Festa nas casas, nos apartamentos, nos bares, na Alameda…

Torcida tricolor na Alameda. Foto: Instagram guiaslan_oficial

E no próprio Maracanã.

Carlos Medeiros no Maracanã. Foto: Arquivo pessoal

Não há fortuna que pague o que Carlos Medeiros, carinhosamente chamado de Pipoca, e Juan sentiram no último dia 4.

Pai e filho.

Juntos.

Não consigo mensurar o tamanho da felicidade dos dois.

Carlos Medeiros com o filho Juan no Maracanã. Foto: Arquivo pessoal

Que Deus me permita, um dia, poder vivenciar um fato tão grandioso.

Isso sim é ser rico.

Eternamente.

O momento tão aguardado. Foto: Reprodução/Internet

Emerson Luis é jornalista. Completou sua graduação em 2009 no Ibes/Sociesc. Trabalha com comunicação desde 1990 quando começou na função de setorista na Rádio Unisul – atual CBN. Atualmente é comentarista do Programa Alexandre José, na Rádio Clube FM 89.1, nas segundas, quartas e quintas-feiras, às 7h40. Também atua como apresentador, repórter e produtor no quadro de esportes do Balanço Geral da NDTV RecordTV Blumenau. Além de boleiro na Patota 5ª Tentativa.  

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