Vira e mexe faço uma autocrítica sobre meu trabalho para saber, se de fato, não tenho sido muito rígido e por vezes cansativo, quando me refiro ao futebol profissional de Blumenau.
Mesmo tentando, sempre, produzir um raciocínio construtivo, me pergunto se estou no caminho certo.

Entre abril de 2013 e novembro de 2016, fui colunista do jornal online Notícias do Dia (que virou ND Mais) do Grupo ND.
Na época até “batia” com mais força no maior (e básico) dos nossos problemas: a falta de um estádio municipal (ou próprio).
Após uma exaustiva pesquisa sobre os temas abordados, cheguei a conclusão que depois de 10 anos nada mudou.
Pelo contrário.
Piorou.

Recorro ao passado recente por conta da semana movimentada nos bastidores.
Reinvindicações de outro velho dilema: falta de apoio.
Que intrinsicamente está associado à ausência de uma casa.
Que redunda no distanciamento da comunidade e de torcedores.
Cada vez mais descrentes, desmotivados e de saco cheio.

A convite do vereador Carlos Wagner, o Alemão da Alumetal, quem esteve na sessão da Câmara foi Lúcio Rodrigues.
O CEO do BEC destacou o acesso para a Série B.
O trabalho de reconstrução do clube.
O incentivo que tem recebido do município de Indaial.
Convidou os parlamentares para assistir o jogo de ida da final contra o Tubarão na última quinta-feira (2).
Que terminou com derrota do Blumenau por 2 x 1.
Diante de 251 expectadores (incluindo a torcida visitante).
E renda de R$ 3.500,00.

Por fim, pediu ajuda dos políticos para, o mais breve possível, voltar a jogar na própria cidade.
O último jogo da equipe no Sesi foi em 2018.

No dia seguinte, quem falou na tribuna foi o vereador Ito de Souza.
Lembrou do discurso de Lúcio Rodrigues.
Fez a pergunta que já possui uma resposta óbvia.
“Onde será disputado o clássico Metropolitano e Blumenau em 2024?”
Sabemos onde.

Ito ainda falou que espera convocar a comissão que discute a municipalização do Sesi para agendar uma reunião com a Fesporte e o governo do Estado.
Para saber em que pé está a verba de R$ 30 milhões para a compra do Complexo Esportivo.

Ito é um apaixonado por futebol.
Vai aos jogos.
Não é oportunista (assim como Carlos Wagner).
É louvável sua atitude.
A gente sabe que a concretização desse desejo vai além do seu entusiasmo.
Pois o futebol não é prioridade.

Futebol que está cada vez mais caro.
O Estádio Municipal Vidal Ramos Júnior, em Lages, por exemplo, vai passar por uma revitalização.
Na iluminação.
E no gramado (que vai virar sintético).
O investimento na instalação e manutenção de um gramado natural chega a quase R$ 2 milhões por ano – R$1,6 milhão para instalar e R$ 300 mil anuais para manutenção.
Já com a grama sintética, o custo total é de R$ 2,3 milhões – R$ 40 a R$ 50 mil por ano para conservação.

Os recursos para o Sesi seriam ainda maiores, pois o campo não possui as dimensões oficiais (110 x 68m).
Exigidas mesmo para jogar uma segunda divisão.

Vi pessoas daqui desdenhando do Brusque.
Que não vai poder jogar no Augusto Bauer em 2024.

O local pertence ao Carlos Renaux que fez uma parceria com duas empresas que vão bancar os R$ 15 milhões para reformar o campo e as arquibancadas.
Em troca, na frente do estádio, vai ser erguido um prédio comercial.

A tendência é que o Brusque dispute o Campeonato Catarinense em Balneário Camboriú.

Na Série B nacional ainda não sabe.
Pois não chegou a um acordo com o Carlos Renaux.
Mesmo com as reformas, a capacidade do estádio vai chegar a 5.700 lugares (a CBF exige 6 mil lugares sentados).
O clube sonhava com a nova estrutura do Barra Futebol Clube, em Itajaí.
Só que a quantidade quando ficar pronto (talvez no primeiro semestre do ano que vem) não vai passar de 5 mil cadeiras.

Apesar do impasse, mal terminou a final contra o Amazonas, a diretoria do Brusque se reuniu com o prefeito André Vechi (Democracia Cristã), eleito em setembro.
O clube possui um terreno de 72 mil metros quadrados doado pelo poder público.

Alguém tem dúvida qual obra vai sair do papel primeiro?
Me refiro à municipalização do Sesi.
Afinal, não imagino que um dia Blumenau vai erigir um estádio municipal.
Também não custa lembrar que o governador Jorginho Mello esteve na decisão da Série C.

Voltando aos tempos do Notícias do Dia, reproduzo aqui a publicação de maio de 2015, com o título “A utopia do Estádio Municipal de Blumenau”.
Perca um tempo – porque acredito que a leitura é válida e atemporal.

Em algum momento trouxe, em ordem alfabética, a relação de municípios com estádios para chamar de seu.

A lista, de lá para cá, inclusive, cresceu.

Serviu para aumentar nossa vergonha e incapacidade.

Emerson Luis é jornalista. Completou sua graduação em 2009 no Ibes/Sociesc. Trabalha com comunicação desde 1990 quando começou na função de setorista na Rádio Unisul – atual CBN. Atualmente é comentarista do Programa Alexandre José, na Rádio Clube FM 89.1, nas segundas, quartas e quintas-feiras, às 7h40. Também atua como apresentador, repórter e produtor no quadro de esportes do Balanço Geral da NDTV RecordTV Blumenau. Além de boleiro na Patota 5ª Tentativa.
