Admiro o trabalho do Diarinho Boleiro.
Carlos Pedroso, Michael Hammes e Mauro Medeiros respiram futebol amador.
Lives, transmissões, postagens…
Jogos, copas, desafios…
Os caras valorizam demais os torneios, o espírito da várzea, o jogador raiz.

Mas também estão atentos ao futebol profissional.
Tanto é que decidiram “comprar a briga” sobre um surrado e humilhante tema:
A falta de um campo para jogar na própria cidade.
Ideia que ganhou ainda mais sentido após a confirmação de que Metropolitano e Blumenau vão disputar, de novo, uma mesma competição.

As outras vezes que se enfrentaram foram em 2018.
Também na Série B.
Quando as duas torcidas não conseguiram no primeiro reencontro, o mais aguardado, colocar duas mil pessoas no Sesi.
A foto, abaixo, é fidedigna.

1703 pessoas (1213 pagantes).
Para ser mais exato.

No returno, com o Blumenau cumprindo tabela e o Metropolitano classificado, com reservas, 315 expectadores (255 pagantes).

As equipes ainda jogaram pela Copa Santa Catarina daquele mesmo ano.
E em 2022.
Desta vez com jogos em Indaial e Ibirama.
Os números são tão irrelevantes que nem vale a pena apresentar.

Carlos Pedroso, o Dela, um dos cabeças da proposta, me disse que é preciso fazer alguma coisa.
Não adianta só ficar reclamando.
Concordo.
Inclusive um abaixo-assinado está circulando para “sensibilizar” as autoridades.
“A ideia é ter pelo menos duas mil assinaturas e fazer essa petição pública chegar ao prefeito, deputados da região e governador”.
Fiz minha parte.
Assinei.
Fui um dos 255 apoiadores até o momento conforme o documento.

Vou torcer para dar certo.
Porém, com o maior respeito que o trio merece, sabemos onde isso vai dar.
É só tomar como base a última ação popular, criada em 2021.
“O Movimento Joga em Casa Blumenau” surgiu, na época, muito mais forte do que esse.

Teve mais repercussão e “pressão” sobre as partes envolvidas.
No entanto, simplesmente faleceu.
De inanição.

Os envolvidos cansaram de discursos.
Se irritaram com promessas.
Abandonaram a causa.

Por ora, esqueçamos o governador e o prefeito.
Ambos têm problemas mais urgentes para resolver.
Estão enfrentando a sexta enchente em pouco mais de um mês.
Cobrar alguma atitude nesse momento é uma insensatez.
Ignoramos, da mesma forma, a Comissão da Municipalização do Sesi criada na Câmara – que até agora, de prático, não fez nada.

Jorginho Mello já disse extraoficialmente que “vai ajudar o Mário a comprar o terreno”.
Não agora.
Existem outras prioridades.
Um bom exemplo é a margem esquerda do Rio Itajaí-Açu.

O governador esteve em Blumenau em setembro e assinou a ordem de serviço dos 900 metros da obra.
O Estado entrou com R$ 24,7 milhões.

O município com uma contrapartida de R$ 3,2 milhões.
Prazo de execução: 10 meses.

Mello já tinha escolhido a cidade para dar a largada nos pagamentos das Transferências Especiais Voluntárias (TEVs), os antigos “Pix de Carlos Moisés”.
A compra do Complexo Esportivo do Sesi, portanto, não foi contemplada.
Foram R$ 30 milhões prometidos pelo ex-governador.
A fatia da prefeitura seria de R$ 1,3 milhões.

A melhor alternativa é Blumenau e Metropolitano sentarem, se unir, colocar alguém influente no circuito e apresentar a seguinte proposta para a Fiesc (se ela topar, lógico):
Bancar as reformas do campo.
Enquanto a municipalização não sai do papel.

Campo que precisa ser ampliado.
Já que não tem as dimensões oficias.
Trabalhando com suposições, uma raia da pista, em tese, teria de ser sacrificada.

O que não deixa de ser um agravante.
Pois o atletismo vai berrar.

O problema é que os dois clubes não têm dinheiro.
Quem tem (diretor e/ou investidor) já colocou grana demais na frente.
E não foi ressarcido.
Vai querer investir de novo?

Essas duas ações explicam muita coisa.
A pedido de alguns torcedores, o BEC lançou a campanha “Pix campeão” para a final contra o Tubarão.
Arrecadou R$ 475!
Que era para ser dividido entre os jogadores em caso de título.
Como perdeu a final para o Tubarão vai ser destinado para um projeto social de Indaial.

Já o Metrô está promovendo mais uma hamburgada.
No próximo dia 30.
Na última edição no Nova Aurora foram vendidos 700 speed burguers.
Sobrou limpo perto de R$ 10 mil.

Um ex-dirigente me disse que com R$ 300 mil se consegue fazer a reforma.
Desde que a grama não precise ser trocada.
A iluminação, que é mais cara do que o campo, não seria necessária.
Na segundona, a Federação não exige jogos à noite.

Em 2021, o Próspera fez um orçamento de R$ 700 mil para dar um trato no Estádio Mário Balsini.
R$ 200 mil para a troca do gramado (que nunca ficou pronto oficialmente).
R$ 500 mil para a substituição da iluminação (que não foi feita).
Tanto é que o time mandou as partidas da Série A em Brusque e até mesmo em Chapecó – a Série D do Brasileiro jogou em Tubarão.
O clube de Criciúma vive um momento complicadíssimo.
Não conseguiu nem participar da Série C estadual este ano porque tem um engate de R$ 90 mil com a FCF.
Assim, só poderá voltar em 2026.
Serve de alerta.

Como sempre falei.
Ruim com o Sesi.
Pior sem ele.
O tempo está provando.
A maior das ironias pode acontecer em 2024.
Os dois clubes jogando no mesmo estádio.
Em Ibirama.

A relação do BEC com o XV de Outubro não anda boa.
O contrato acaba em abril.
E tem clube novo (daqui) atrás de um campo para jogar.
Lembrando que a FCF cobra uma taxa se um clube atuar em um município que não faz divisa com o seu.
Em 2020, o Metropolitano foi obrigado a pagar R$ 60 mil.

Não consigo entender como diretores, principalmente filiados a partidos políticos, não conseguem apoio para a execução de obras.
Vejamos o Caravaggio.
Por meio de uma emenda parlamentar do deputado federal Ricardo Guidi, de Criciúma, foi contemplado com uma verba de R$ 250 mil para a construção do muro que cerca o Estádio da Montanha.
Torcedores também ajudaram.
Foram vendidas 200 cotas de R$ 300 cada.

Também foi Guidi quem conseguiu outra verba, de R$ 300 mil, para a reforma e construção dos vestiários, cabines de Imprensa e troca do gramado para atuar na Série B de 2022.
Além disso, o Azulão recebeu mais R$ 150 mil.
De outra emenda parlamentar.
Desta vez do deputado estadual José Milton Scheffer, de Sombrio.

O Grêmio Esportivo Metropolitano, outro clube de Nova Veneza (amador) recebeu ano passado R$ 200 mil para o fechamento do muro no Estádio Darci Marini.
Emenda parlamentar do deputado estadual Volnei Weber, de São Ludgero.
Os dois estádios de Nova Veneza são municipais.

Jogando em Blumenau teríamos a volta gradativa da torcida, dos sócios, dos patrocinadores, das parcerias…
O resgate do crédito com a comunidade.
Seria o ideal.
No entanto, não acredito que vá acontecer tão cedo.
A Série B começa dia 26 de maio.
Com dinheiro e incentivo já é difícil.
Imagina sem esses principais ingredientes.

Além do mais, estamos falando de Blumenau.
Onde os piores tipos de sentimentos afloram.
É muita gente com olho grande, invejosa, querendo puxar o tapete de quem se destaca.
Um conflito mesquinho de poder.
O decantado ciúme de homem.

Emerson Luis é jornalista. Completou sua graduação em 2009 no Ibes/Sociesc. Trabalha com comunicação desde 1990 quando começou na função de setorista na Rádio Unisul – atual CBN. Atualmente é comentarista do Programa Alexandre José, na Rádio Clube FM 89.1, nas segundas, quartas e quintas-feiras, às 7h40. Também atua como apresentador, repórter e produtor no quadro de esportes do Balanço Geral da NDTV RecordTV Blumenau. Além de boleiro na Patota 5ª Tentativa.
