É o tipo de pergunta surrada e recorrente que me fazem sobre o futebol da cidade.
Mas também recebo questionamentos sobre o futsal.
Que tem decepcionado a torcida nos últimos anos.
Especialmente na Liga Nacional.

Mas existem respostas para esse “fracasso”.
Desde que voltou a disputar a competição, em seis edições seguidas, o time só conseguiu se classificar para a 2ª fase (entre os 16 melhores), duas vezes.

2018: a melhor campanha.
10º lugar (19 participantes).
Foi eliminado no mata-mata pela Copagril.
No Sesi: 3 x 3.
Em Marechal Rondon PR: 2 x 2 no tempo normal e 2 x 0 na prorrogação.

2019: acabou na lanterna (19 equipes).
2020: 20º colocado (só foi melhor do que Brasília).
2021: 17ª posição.
Avançou por conta do regulamento (eram 23 equipes divididas em três grupos).
Caiu para Joaçaba no sistema eliminatório.
Duas derrotas: 7 x 4 aqui e 4 x 3 lá.

2022: 22º lugar (último).
2023: mesma colocação (24 integrantes).
Superior apenas a São Lourenço SC e Brasília DF.
Campanha:
23 jogos.
2 vitórias.
7 empates.
14 derrotas.
A classificação final e a tabela dos confrontos da 2ª fase estão aqui.

São vários fatores envolvidos quando um projeto não dá certo.
Jogadores que não correspondem (quando jogam contra são uns leões).
Questões emocionais (saudade da família, dificuldades para se enturmar e se adaptar à cidade).
Jogos pontuais em casa (pontos perdidos para concorrentes diretos, do mesmo tamanho).

Lesões graves como a do fixo Passamani (quando um grupo não tem reposições no mesmo nível, a perda é gigante).
Saída de atletas (Peruzzo pediu para se desligar, Gamarra foi para o Passo Fundo RS e Théo acertou com o Santa Rosa RS).
Conceitos dos treinadores e um novo modelo de jogo implantado (antes da chegada de Paulinho Cardoso, Xande Melo treinou o time de 2017 a 2021).

Contudo, o que mais impacta é a falta de estrutura.
E sobretudo de dinheiro.

O Blumenau Futsal precisou disputar torneios (Rio do Sul, Indaial e Schroeder) no começo do ano para fazer caixa.
Com improvisos e profissionais acumulando funções.
Além de treinador, Paulinho Cardoso cuidava do preparo físico (e até mesmo da preparação de goleiros).
Fausto Steinwandter chegou em fevereiro, um mês antes de começar a Liga.
Acerto de meio período, por conta de seu trabalho como professor, além de não viajar com a delegação.
O ex-jogador de handebol participou do processo de criação do Blumenau Futsal, em abril de 2017.
Coordenava a preparação física e Alexandre Philippi aplicava seus conceitos.
Detalhe que ratifica o quão regredimos.

O time, nas mãos de Paulinho, começou a LNF com ritmo de jogo e motivado.
Porém, na prática, a expectativa não se confirmou.
Nas oito primeiras rodadas apenas três pontos conquistados.
Três empates (São Lourenço, Tubarão, Francisco Beltrão).
Cinco derrotas (Carlos Barbosa, Sorocaba, Toledo, Minas, Venâncio Aires).

Optou-se por trazer Egídio Beckhauser (estava à par de tudo o que acontecia nos bastidores).
Paulinho ficou como auxiliar e coringa.
O secretário do Esporte trouxe nova vida ao time.
Com a volta do estilo de jogo com intensidade, aproximação, forte marcação, lembrando de certa forma a filosofia de Xande Melo, conseguiu resultados importantes.
Todavia, esbarrou no mesmo problema do antecessor: mão de obra qualificada.

Na estreia, a equipe jogou bem, apesar da derrota para o Corinthians, por 5 x 2.
Foram mais 12 jogos:
2 vitórias (Brasília e Taubaté).
4 empates (Joinville, Umuarama, Foz, Joaçaba).
6 derrotas (Santo André, Jaraguá, Uberlândia, Campo Mourão, Pato Branco, Atlântico).
Até que nas duas últimas rodadas, definitivamente sem condições de avançar para os playoffs, saiu.
Voltou a se dedicar exclusivamente à Secretaria Municipal do Esporte.
Com isso, Paulinho Cardoso reassumiu.
Foram mais 2 derrotas (São José e Cascavel).

A fase é ruim também no Campeonato Estadual.
É um bom parâmetro.
Pois as limitações são democráticas.
O time terá de ganhar os três próximos jogos para alcançar as semifinais:
São Francisco do Sul (3/10), no litoral.
Joinville (7/10), no Sesi.
Joaçaba (27/10), na Unoesc.

No fim, o maior peso é o orçamento.
Como montar um elenco cascudo, com R$ 70 mil (a previsão era arrecadar R$ 130 mil)?
Não dá para bater de frente com gigantes como Joinville e Sorocaba (R$ 400 a R$ 500 mil/mês).
Mas, a partir do momento que você arrecada menos do que rivais como São Lourenço, Tubarão e Joaçaba, alguma coisa está errada.

Outro aspecto importante tem a ver com a falta de identidade e origem dos atletas.
A melhor performance do Blumenau Futsal na Liga Nacional, além do título da Copa Santa Catarina e o bicampeonato dos Jogos Abertos, passa pela geração da maioria de jogadores e integrantes da comissão técnica nascidos aqui (muitos remanescentes da AD Hering).
Que se destacaram, foram embora, voltaram.
Ivan, Dão, Léo, Rafinha, Andi, Denis, Diogo Moreno, Didi, Ciro, Vitor Cani, Mika, Gustavo, Lucas Rozenski…

Gente com história no futsal nacional e até internacional, líderes naturais, com DNA blumenauense.
Que comprou a ideia, se comprometeu.
Caras que fazem falta até hoje.

Atletas que se valorizaram.
Tanto é que receberam convites para sair.

O grupo atual conta apenas com nove jogadores adultos.
Só um formado em Blumenau: o goleiro Kelwin, na Apama.

Outros quatro moleques que fazem parte do grupo são do Sub-20.
Só um é daqui.
Miguel, terceiro goleiro (outro criado no CSU Garcia).
Thiaguinho e Marquinhos, alas.
Kaio, pivô.
Vieram de Camboriú com o técnico André Deitos.

Outra coisa que não dá para ignorar é a falta que o Galegão faz.
A atmosfera é diferente.
O Sesi continua quebrando um grande galho para o futsal e outras modalidades.
Mas, o ginásio é frio, não tem alma.

Ainda bem que ele existe.
Até porque não há nenhuma previsão deste cenário mudar.
Arena em Blumenau?
Demora.

Escrevi certa vez aqui no Portal e ratifico:
Enquanto o futsal tiver um supervisor capacitado como José da Costa carregando malas e uniformes, servindo água e cafezinho para os atletas, seguiremos como coadjuvantes.

A diretoria vem trabalhando.
Tem oferecido um produto popular, nacional, de grande visibilidade.
Que não consegue sensibilizar as empresas e unir as pessoas.
Por isso continua longe do protagonismo.
Emerson Luis é jornalista. Completou sua graduação em 2009 no Ibes/Sociesc. Trabalha com comunicação desde 1990 quando começou na função de setorista na Rádio Unisul – atual CBN. Atualmente é comentarista do Programa Alexandre José, na Rádio Clube FM 89.1, nas segundas, quartas e quintas-feiras, às 7h40. Também atua como apresentador, repórter e produtor no quadro de esportes do Balanço Geral da NDTV RecordTV Blumenau. Além de boleiro na Patota 5ª Tentativa.
