InícioEmerson LuisEmerson Luis. Esporte: Idolatria

Emerson Luis. Esporte: Idolatria

14 de setembro de 1997.

Estádio Centenário.

Caxias do Sul RS.

Time do Caxias na década de 90 com a presença de Washington (com a bola). Foto: SER Caxias

Campeonato Brasileiro da Série C.

Caxias 2 x 0 Blumenau.

Os dois gols da vitória gaúcha marcados pelo centroavante Washington.

Os dois gols da derrota do BEC sofridos por Ricardo Leonetti.

Leonetti (segundo de pé da esquerda para a direita) no elenco do BEC de 1997. Foto: Acervo Marcos Cardoso

Na época, trabalhando como repórter, entrevistei os dois principais personagens daquela partida.

Washington pelo poder de decisão.

E Leonetti, escolhido pela equipe de esportes da Rádio Blumenau, como o melhor em campo.

Mesmo com a derrota.

Quis o destino que ambos de se reencontrassem no último domingo (10) em evento promovido pela FluTimbó para celebrar jogadores que marcaram história no Fluminense.

Rafael Fonseca, de pé, e os demais homenageados, entre eles o volante Diogo. Foto: Reprodução/FluTimbó

Washington, o “coração valente” foi a principal atração.

E entre todos os homenageados é o que recentemente conquistou (junto com o volante Diogo que também esteve no Recanto Tirol), o título de maior expressão, o Campeonato Brasileiro de 2010.

Paulo Victor, Washington, Celsinho (organizador) e a torcida tricolor. Foto: Washington Cerqueira

A vida só me deu mais uma prova de que as pessoas não mudam sua essência.

Que a humildade não é afetada com o decorrer do tempo e a fama.

O centroavante parecia ser o mesmo cara com quem conversei há 26 anos no Rio Grande do Sul.

Tirei uma foto com ele.

Todavia, nem toquei no assunto.

Não precisava.

Com o gente boa Washington. Foto: Arquivo pessoal

Washington se mostrou prestativo e paciente com todos.

Chamado ao palco mandou muito bem como cantor.

Elton Pedroso e Washington. Foto: Julio Zilinski

Assim como Paulo Victor (tricampeão carioca 1983/1984/1985 e campeão brasileiro 1984).

Figurinha carimbada dos encontros.

O homem “agita”.

Paulo Victor com Leonardo Salles. Foto: Reprodução/FluTimbó

É sempre um atrativo.

Junto com Romerito.

Mais discreto.

Não menos carismático.

O paraguaio foi bicampeão carioca 1984/1985 e campeão brasileiro 1984 quando fez o gol do título contra o Vasco.

Romerito e Julio Zilinski em Timbó. Foto: Elton Pedroso

Notem que de todas essas figuras emblemáticas ninguém é cria do Fluminense.

Todos aportaram nas Laranjeiras com biografias pesadas.

Washington defendeu Internacional, Grêmio, Paraná, Atlético PR, Fenerbahçh-Turquia, Tokyo Verdy-Japão, seleção…

Washington vibrando em um gol tricolor. Foto: Reprodução/Internet

Romerito antes de desembarcar no Rio de Janeiro jogou na seleção e com Pelé no New York Cosmos.

Só isso.

Paulo Victor é uma exceção.

Ralou por nove anos no CEUB e Brasília DF, Operário MT, Vila Nova GO e Vitória ES.

Paulo Victor e Romerito no time campeão brasileiro de 84. Foto: Reprodução/Internet

Por isso que o assédio em torno de Ricardo Leonetti (12 anos de Fluminense, sendo 7 morando na concentração) me deixa feliz demais.

Bem como o carinho e respeito com Walbert.

Dois pratas da casa, que jogaram pouco no profissional, por conta da acirrada concorrência.

Entre Leonetti e Walbert. Foto: Arquivo pessoal

O ex-ponta esquerda foi campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 1986.

Na mesma temporada fez parte do elenco que disputou o Campeonato Brasileiro.

Com 20 anos de idade.

Atuou em sete jogos.

Marcou dois gols.

Walbert em jogo da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Foto: Reprodução/Internet

Já o ex-goleiro, titular em todas as categorias de base, integrou o grupo de 1984 – campeão carioca e brasileiro.

Ficou dois anos no time principal.

Mas não havia espaço para o garoto de 21 anos.

Que estava “voando”.

Leonetti no Fluminense na década de 80 no Maracanã. Foto: Arquivo pessoal

Como me confidenciou o próprio Paulo Victor ano passado:

“Eu não dava brecha mesmo. Qualquer vacilo poderia custar minha titularidade. Além de Paulo Goulart (seu reserva imediato) tinha o Leonetti, jovem, motivado, que vinha pedindo passagem”.

O trio de goleiros do Fluminense. Foto: Reprodução/Internet

E por mais uma dessas coincidências (desta vez contrastando com a trajetória futebolística), Paulo Goulart se despediu temporariamente do universo, nesta sexta-feira (15), após sofrer um infarto em Muriaé MG, sua terra natal.

Estava com 68 anos.

Ao receber a notícia, Ricardo Leonetti lamentou.

Todavia, lembrou que os dois viveram grandes momentos juntos.

Foram grandes parceiros.

Dentro e fora de campo.

Paulo Goulart chegou ao Fluminense com 16 anos. Foto: Reprodução/Internet

Ao deixar o Flu, Ricardo Leonetti foi para o Botafogo SP.

Depois para o Atlético GO.

Onde foi escolhido o melhor da posição no estadual.

Ricardo Leonetti no estadual goiano. Foto: Reprodução/Internet

Virou ídolo.

Ficou em Goiânia de 1985 à 1989.

Leonetti no Serra Dourada nos tempos do Atlético GO. Foto: Arquivo pessoal

Veio para Santa Catarina em 1994.

No Juventus de Jaraguá do Sul arrebentou!

Foi eleito o melhor goleiro do Campeonato Catarinense.

Sua fase era impressionante.

Tanto é que recebeu uma proposta irrecusável do Marcílio Dias.

Leonetti em seu primeiro ano no estado, no Juventus de Jaraguá do Sul. Foto: Arquivo pessoal

Léo admite que não foi bem em Itajaí.

Tanto é que se apresentou no BEC em 1996 (trazido pelo presidente Alencar Farias, recém falecido), fora de forma, pesado…

Foi massacrado pela crônica esportiva blumenauense.

Que naqueles tempos era forte e independente.

1996. Ano de sua chegada no BEC. Foto: Arquivo pessoal

Em meio a profissionais tarimbados e polêmicos, eu era um moleque com menos de cinco anos de carreira.

Mas que estudava bastante o currículo dos jogadores antes de fazer qualquer tipo de julgamento ou veredicto.

Acima de tudo confiava no seu poder de recuperação.

Afirmava constantemente que Leonetti daria a volta por cima.

O começo, de fato, foi difícil.

Contudo, com muita dedicação nos treinamentos, baixou o peso, passou a ganhar ritmo de jogo, tempo de bola, readquiriu a confiança e voltou a ser um paredão.

Daqui não saiu mais.

Leonetti no grupo de 1996. Foto: Reprodução/Memorial do BEC

Até hoje ele e sua esposa, Marilene Guenther, a Leninha (os dois se conheceram em Blumenau e tiveram um filho, Ricardinho), são gratos pelo apoio, pois fui dos poucos da Imprensa que acreditaram no seu potencial.

Da relação com Leninha nasceu Ricardinho. Foto: Arquivo pessoal

Digo sempre que esse posicionamento imparcial era uma obrigação profissional e que nunca busquei nada em troca.

Mesmo assim, fazem de tudo para retribuir minha confiança.

A reciprocidade é a mesma.

Verdadeira.

Pois a família é gente boa demais.

Leonetti com parte da família e amigos. Foto: Elton Pedroso

Por conta dessa amizade convivemos direta e indiretamente desde então.

Acompanhei Leonetti por três anos seguidos nos encontros de torcedores do Fluminense.

Com Leonetti e Romerito no encontro de 2022. Foto: Arquivo pessoal

Vê-lo sendo reverenciado pela torcida me emociona.

Ex-goleiro autografando camisa. Foto: Arquivo pessoal

Porque sei bem o que esse reconhecimento significa para esse gigante de 1,93m com um coração enorme.

Dando autógrafo em Timbó. Foto: Arquivo pessoal

Que após se aposentar dos gramados, passou a dedicar sua vida à escolinha de futebol do Planet Ball.

Lá, ele é o “tio Leonetti”, o “campeão”.

O cativante e paciente professor da iniciação.

O competitivo e exigente treinador dos times que disputam torneios.

Com alunos da Escolinha Planet Ball. Foto: Arquivo pessoal

Desde junho meu moleque de 5 anos é seu aluno.

Está empolgadíssimo!

Sua evolução técnica é nítida.

Tales com panca de marrento na escolinha do Leonetti. Foto: Emerson Luis

Porém, isso é o que menos importa.

Ver sua felicidade me enche de orgulho.

Abro mão de muita coisa para levá-lo três vezes por semana no futebol.

Tales, com 1 ano, em seu primeiro contato com o “tio Leonetti”. Foto: Arquivo pessoal

Considero Fred o cara mais importante da minha geração.

Perguntei para Celso Ruediger, o organizador das festas, se existia alguma possibilidade de trazer “Don Fredon”, no ano que vem.

Sem chances.

Agenda lotada.

Custo alto.

Por conta de fatos como esses que a idolatria se torna subjetiva.

Com Leonetti no evento do último domingo. Foto: Arquivo pessoal

Meu ídolo mora na mesma cidade que eu.

Posso abraçá-lo quando quiser.

Sentar e tomar uma cerveja.

Tomando “uma” com Leonetti. Foto: Arquivo pessoal

Relembrar grandes momentos.

Como o amistoso que fez na Itália em 1990.

Reportagem sobre o amistoso entre Napoli e América RJ. Foto: La Gazzetta Sportiva

Quando jogou (e tomou gol) simplesmente de Diego Armando Maradona (que iniciou a partida no banco).

Leonetti escalado no gol do América. Foto: La Gazzetta Sportiva

Posso afirmar que sou um privilegiado por fazer parte, de alguma maneira, da sua rica biografia.

Não há preço que pague o relacionamento e os sentimentos que construímos juntos.

Demonstrando seu amor pelo Fluminense. Foto: Arquivo pessoal

Emerson Luis é jornalista. Completou sua graduação em 2009 no Ibes/Sociesc. Trabalha com comunicação desde 1990 quando começou na função de setorista na Rádio Unisul – atual CBN. Atualmente é comentarista do Programa Alexandre José, na Rádio Clube FM 89.1, nas segundas, quartas e quintas-feiras, às 7h40. Também atua como apresentador, repórter e produtor no quadro de esportes do Balanço Geral da NDTV RecordTV Blumenau. Além de boleiro na Patota 5ª Tentativa.  

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

Últimas notícias

error: Toda e qualquer cópia do Portal Alexandre José precisa ser creditada ao ser reproduzida. Entre em contato com a nossa equipe para mais informações pelo e-mail jornalismo@alexandrejose.com

Descubra mais sobre PORTAL ALEXANDRE JOSÉ - Notícias de Blumenau

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue lendo

%d blogueiros gostam disto: