Nunca joguei bolão na minha vida.
Já produzi alguns “fakes” em matérias ao vivo.
Ou em cerimônias de abertura de competições.
Puro migué.

Minha relação com a bocha é diferente.
Joguei até torneio.
De buteco mesmo.
Valendo porco, galinha, costela…
Já ganhei e perdi algumas cervejas no mano a mano ou em duplas.
Faz um bom tempo.
A atmosfera é muito parecida.

Nada, no entanto, que se compare a um evento oficial.
Como a Copa NDTV.
Que conta com a participação de atletas profissionais.
Gente com história no estado e no país.
Outra pegada.

Comecei a acompanhar o bolão mais amiúde há três anos por conta do torneio na Associação Desportiva e Cultural Água Verde.
As regras são simples.
Exigem, no entanto, precisão e concentração na hora H.
Que requer ainda mais foco, por conta da pressão dos adversários – como existe na bocha.

Quem somar mais pontos vence o jogo.
Todos com um objetivo: derrubar os 9 pinos.
O tradicional gol do bolão.
Tem jogador que chega a ser preciso em todos os lançamentos.
Ou seja: faz 180 pontos em uma partida.
Em 20 arremessos.
O que é extremamente difícil.

Para efeito de curiosidade, Julian Pires de Lima, o Braço de Ouro da 3ª edição, derrubou 718 pinos em quatro jogos.
Faltaram, portanto, dois pinos para alcançar os 100% de aproveitamento.
Uma performance brilhante.
Assim como a dos companheiros da SME Blumenau.
Lucas Pottmayer, o Braço de Prata, tombou 717 palitos.
E o Braço de Bronze, Jean Ariel Meros, fez 715 pontos.

Além do sadio espírito competitivo, o que mais me chama a atenção nessa modalidade, que existe há mais de 3.500 anos, é a parceria entre os atletas.
Rola uma ou outra rivalidade, natural, mas na maioria dos casos, predomina a camaradagem.

Os caras gostam de estar juntos naquele ambiente de amigos e de família.
Afinal, não raro, fazem parte da mesma equipe o pai, a mãe, os filhos e até mesmo os netos.
O legado.
Algo espetacular hoje em dia quando estamos perdendo a “guarda” dos nossos filhos para os smartphones.
Que inveja!
Inveja boa (sem cobiça do sucesso ou da felicidade alheia).

Outra lição que aprendi no bolão é ter comprometimento e espírito coletivo, independentemente do clima leve e agradável que existe nos bastidores.
Sentimentos e atitudes que remetem à grande final disputada no último dia 16.

Secretaria Municipal de Esportes (SME).
O time que representa Blumenau nos Jogos Abertos.
Bicampeão da Copa NDTV.
Favorito, de novo, ao título.

Secretaria de Esporte e Lazer de Pomerode (SEEL).
Equipe que também defende o município nas competições estaduais.
Atletas que, assim como os da FME de Indaial e da FMD de Rio do Sul (outros finalistas junto com Velha Central e Água Verde que jogam por amor à camisa), recebem para jogar.
Uns mais.
Outros menos.
Isso vale para o comparativo Blumenau x Pomerode.
A SME conta com jogadores habituados a participar de grandes disputas, gente que já foi convocada para a seleção brasileira.
A escolha dos braços (pelo segundo ano seguido) serve como parâmetro.

Contudo, nada disso adiantou.
O favoritismo se esvaiu.
Foi dissolvido por um jogo extremamente linear e mágico de Pomerode.
Que conquistou o troféu inédito ao fazer 1421 x 1415 no placar.

Em qualquer esporte (em qualquer profissão).
Até em pelada de patota.
Se o time favorito não entrar centrado, motivado, com a faca nos dentes…
Ou ainda cometer algum deslize ou menosprezar o concorrente, pode se dar mal.

Pelo que observei na decisão, isso não aconteceu na ADC Água Verde (Pomerode se superou).
Mas serviu, de alguma maneira, como aprendizado.
Do outro lado sempre vai existir um oponente mais humilde, vibrante, que não gosta de perder, que pode estar em um dia iluminado.

Que sabe a importância de ser campeão.
Um feito que todo mundo procura.
O Mosquito de Agronômica, atual campeão, é o rival a ser batido entre as mulheres.

Salto do Norte.

Secel de Jaraguá do Sul.

E Água Verde.

Todos estão embalados, com sangue nos olhos, cientes de que na final deste sábado (23), marcada para as 15h30, com entrada gratuita na ADC Água Verde, a “zebra” pode se repetir.
Emerson Luis é jornalista. Completou sua graduação em 2009 no Ibes/Sociesc. Trabalha com comunicação desde 1990 quando começou na função de setorista na Rádio Unisul – atual CBN. Atualmente é comentarista do Programa Alexandre José, na Rádio Clube FM 89.1, nas segundas, quartas e quintas-feiras, às 7h40. Também atua como apresentador, repórter e produtor no quadro de esportes do Balanço Geral da NDTV RecordTV Blumenau. Além de boleiro na Patota 5ª Tentativa.
