A secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina fez uma coletiva de imprensa no final da tarde desta terça-feira (9) para esclarecer alguns pontos da investigação sobre o caso do menino Nicolas Areias Gaspar, de 2 anos, que estava desaparecido desde o dia 30 de abril e foi localizado na noite de segunda-feira (8) em São Paulo.
No início da coletiva, todos os envolvidos na investigação, Polícia Civil, Polícia Militar e o Programa SOS Desaparecidos e a Polícia Científica explicaram como cada uma das partes atuou até o momento. Após, os agentes de segurança pública responderam perguntas sobre o caso.
Os dois presos com a criança em São Paulo, tiveram a prisão em flagrante convertida para prisão preventiva na tarde desta terça-feira.
Depoimento da mãe
A delegada Sandra Rosa Pereira, responsável pela Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) de São José, destacou que a mãe da criança, de 22 anos, possui fragilidade emocional e psicológica e, que a partir dessa condição, foi convencida a entregar a criança.
“Primeiro foi reportado como desaparecimento. Depois, durante as investigações e com o desbloqueio do celular, nós vimos que houve um assédio à vítima para que ela entregasse a criança. Esse assédio se estendeu ao longo de dois anos. A mãe tem uma fragilidade emocional muito grande e ela foi convencida por conta dessa fragilidade. Ela é muito jovem, não tem um emprego e essa fragilidade dela dificulta a inserção dela ao mercado de trabalho”, disse a delegada.
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Questionada se a mãe teria recebido algum valor para entregar o filho, a delegada informou que a mãe negou o fato. “A mãe nega ter recebido vantagem financeira, mas nós só vamos conformar essa informação com a quebra do sigilo bancário de todos os envolvidos“, explicou.
A investigadora também destacou que a tipificação do crime só será possível ao final do inquérito policial. “Nós só saberemos tipificar o crime a partir da conceção de algumas cautelares. Verificar se ela foi ameaçada, se ela recebeu algum dinheiro, se houve entre eles alguma troca financeira, a obtenção de alguma vantagem financeira, mas isso apenas no relatório, após cumprida todas essas medidas cautelares, é que isso poderá ser definida a tipificação do crime cometido”, ressaltou Pereira.
Atuação da população
O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, destacou que a comoção da população catarinense foi determinante para que a criança fosse localizada, já que uma rede de compartilhamentos do desaparecimento de Nicolas acabou se formando no Estado e no país.
“Os dois indivíduos que estavam com a criança no carro não são um casal, seria o aliciador e uma pessoa que ficou com a guarda da criança no Estado de São Paulo. Essa pessoa vê a repercussão do caso, fica preocupada, faz um contato com um fórum próximo, em Tatuapé e, a partir de uma interlocução dos juízes e promotores lá do Estado de São Paulo, o juiz e o promotor pedem que eles apresentem essa criança no fórum. No caminho acorre a abordagem e eles são presos em flagrante. A criança é deslocada para um abrigo do Conselho Tutelar por determinação do juiz, mas a contribuição social, a comoção da comunidade catarinense, o trabalho das polícias, do SOS Desaparecidos, fez com que esse casal ficasse com medo e fizessem esse contato para apresentar essa criança”, destacou o delegado.
Quando Nicolas volta para casa?
A volta do menino para Santa Catarina havia sido anunciada para hoje, porém isso não aconteceu. O secretário de Estado da Segurança Pública, Paulo Cezar Ramos de Oliveira, explicou que a criança agora está sob a tutela do Estado de São Paulo e são eles que vão determinar quando ele poderá retornar para casa.
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“A situação do Nicolas passou agora a ser de responsabilidade da Jurisdição da Infância de São Paulo, mais especificamente do Fórum Regional de Tatuapé. São eles que vão determinar as medidas, mas obviamente a mais importante, a mais aguardada e que há expectativa principal tanto do governo como da comunidade catarinense, é que ele retorne o mais rápido possível”, disse.
Ele afirmou que a secretaria está acompanhando o passo a passo do desenrolar da situação. “Vencida a primeira etapa da investigação, de localização do menino, as investigações não param até que se possa aferir as responsabilidades e os fatos, o que efetivamente aconteceu, se há organizações criminosas envolvidas, mas como a situação hoje está sobre a apreciação do judiciário de São Paulo, nós precisamos aguardar que haja uma decisão judicial a partir da manifestação do Ministério Público do Estado de São Paulo e só a partir daí nós vamos poder providenciar que essa criança retorne para Santa Catarina”, explicou.
O pai da criança
A delegada Sandra Mara Pereira informou que a criança foi registrada apenas no nome da mãe, porém um homem que seria o pai do menino foi indicado durante os depoimentos e a polícia cumpriu mandados de busca na casa do homem.
Investigação continua
O secretário de segurança destacou que a investigação continua para entender se o caso foi isolado ou se trata-se de uma organização criminosa de tráfico de pessoas. Além disso, já há uma identificação dos outros envolvidos, provavelmente as pessoas que ficariam com Nicolas.
O carro abordado em São Paulo teve a placa adulterada para circular em São José e as pessoas que vieram buscas Nicolas em Santa Catarina são as mesmas que foram presas em São Paulo.
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