InícioEmerson LuisEsporte: A dura realidade. Por Emerson Luis

Esporte: A dura realidade. Por Emerson Luis

Era um tema que gostaria de ter abordado já faz um tempo.

Assuntos factuais, no entanto, viraram prioridade.

Também não se trata de oportunismo depois de saber que Blumenau poderá ter mais um clube de futebol profissional.

Sim.

Essa possibilidade existe.

Tudo ainda está no terreno da burocracia.

De todo modo, é possível afirmar que não há aventureiros envolvidos no projeto.

Da mesma forma, a opinião, que naturalmente vai soar antipática, não tem relação com a possível volta dos jogos no Sesi.

As ações e os números são os principais argumentos para defender essa tese.

Clube anunciou seu fechamento em abril. Foto: CA Itajaí

Demorei para enxergar o que muita gente falava e eu ignorava.

Blumenau, apesar de ser o quarto município mais rico do estado (atrás de Joinville, Itajaí e Florianópolis) e com seus 363 mil habitantes, não tem, no momento, condições de ter dois clubes de futebol profissional (imagina três).

Clubes que foram arrendados por empresários da bola que não são daqui.

No caso do Metropolitano, bom salientar, existe uma gestão compartilhada (vai para o quarto ano seguido nesse formato).

Gestores e diretores em Curitiba. Foto: Reprodução/LA Sports

O BEC é administrado por joinvilenses.

Que eram até janeiro de 2022 responsáveis pelas categorias de base do JEC.

Na transição realizada no ano passado, Carlos Roberto de Oliveira assumiu a presidência no lugar do blumenauense Eduardo Corsini.

Carlos Roberto de Oliveira (primeiro à esquerda) nos tempos do JEC. Foto: Vitor Forcellini/JEC

Joga em Indaial porque a prefeitura, por meio da Fundação Municipal de Esportes (FME), tem sido uma grande parceira.

Na verdade, todo mundo se ajuda.

Pois, obrigatoriamente, o clube precisa participar de uma categoria de base para jogar uma competição profissional.

Este ano será o Campeonato Catarinense da Série C Sub-20.

A estreia será dia 10 de junho contra o Jaraguá.

Blumenau e Atlético Catarinense pelo estadual Sub-20. Foto: Léo Piva/Mafalda Press

O casamento se torna ideal porque o município também precisa ser representado nos Joguinhos Abertos.

Para facilitar ainda mais a vida da diretoria, o time Sub-20 servirá de espinha dorsal para a Série C, a partir de setembro – pelo regulamento, apenas sete jogadores acima de 23 anos poderão ser inscritos.

Elenco adulto do BEC em 2022. Foto: Divulgação / BEC

Indaial é aqui do lado.

Chegar ao bairro Carijós pela “estrada velha” (rua Bahia) é sossegado.

Mesmo assim, poucos torcedores têm frequentado o estádio Ervin Blease – o Blumenau começou a atuar lá em 2019.

Na última Série B nos quatro jogos como mandante foram vendidos 883 ingressos.

Média de 220 expectadores, incluindo sócios, credenciados, menores e convidados.

Blumenau em campo em Indaial pela Série B. Foto: Richard Ferrari

São cada vez mais raros os abnegados que ainda sustentam alguma paixão pelo tricolor.

A torcida organizada BEC Manguaça ainda faz um barulho, não abandona a equipe, tenta convencer parceiros a não jogar a toalha.

Com o surrado discurso de que um dia o BEC vai voltar a ser o que era.

Isso jamais vai acontecer, por razões óbvias, como a falta do Velho Deba e a mudança de CNPJ.

É preciso valorizar a insistência de quem ainda não chutou o balde.

Grupo campeão da Série C de 2017. Foto: Reprodução/Internet

Guardadas as devidas proporções, isso também pode ser aplicado no outro lado.

O Metropolitano vai jogar pelo quarto ano seguido no Alto Vale (o tempo do contrato).

Em 2022, o estádio da Baixada recebeu em seis partidas 1.781 torcedores – média de 297.

Média boa.

Maior do que a de Indaial.

Não estou sendo irônico.

Encarar a 470 é para os brabos.

Torcida e time comemoram gol em Ibirama. Foto: CA Metropolitano

Nos dois casos não dá para exigir muito do torcedor.

O que indigna e ratifica meu ponto de vista são os pífios números de 2018.

Que derrubaram minha teoria ao defender, na época, que a reedição do clássico (os times se enfrentaram duas vezes em 2003 na Série B e uma vez em um amistoso em 2004) criaria uma atmosfera positiva de rivalidade na comunidade, ajudaria a ter mais apoiadores, patrocinadores e consequentemente casa cheia.

O astral no primeiro jogo, em 8 de julho, na vitória de 3 x 0 do Metropolitano, até que foi bem interessante.

Frustrante foi o movimento nas bilheterias.

1.703 pessoas (1.213 pagantes).

O maior público registrado nas oito partidas disputadas entre os “rivais”.

Metrô e BEC no Sesi em 2018. Foto: Reprodução/Internet

No returno, vitória do Blumenau por 2 x 1.

O BEC não tinha mais chances e o Metropolitano, classificado, poupou titulares.

315 torcedores (255 pagantes).

Para efeito de comparativo, na final com o Marcílio Dias, 1.605 ingressos vendidos – em Itajaí 3.663.

Ainda houve dois jogos tediosos na Copa Santa Catarina em outubro.

Metropolitano 1 x 1 Blumenau.

Público: 407.

Blumenau 2 x 5 Metropolitano.

Público: 126.

Times se enfrentaram no Sesi na Copa SC. Foto: Reprodução/Internet

Em nenhum momento, as duas torcidas conseguiram encher um estádio com capacidade para quatro mil lugares.

Alguém, em sã consciência, acredita que com a municipalização do Sesi alguma coisa vai mudar?

A propósito, já desconfio que mesmo conseguindo o acesso, o Metropolitano terá de arrumar uma nova casa para jogar (ou seguir em Ibirama), a partir de janeiro.

Já estamos na metade de maio.

Complexo Esportivo do Sesi. Foto: Reprodução/Internet

Como Blumenau e Metropolitano vão sobreviver para reconquistar a credibilidade e a confiança dos blumenauenses, não sei.

Voltar a jogar no Sesi não é fator determinante.

Não vai ser da noite para o dia, não vai ter atropelo de etapas, contudo no momento certo, alguém com uma gestão profissional e transparente, pode ocupar esse vazio.

Os sinais estão por aí.

Há pelo menos cinco anos.

Emerson Luis é jornalista. Completou sua graduação em 2009 no Ibes/Sociesc. Trabalha com comunicação desde 1990 quando começou na função de setorista na Rádio Unisul – atual CBN. Atualmente é comentarista do Programa Alexandre José, na Rádio Clube FM 89.1, nas segundas, quartas e quintas-feiras, às 7h40. Também atua como apresentador, repórter e produtor no quadro de esportes do Balanço Geral da NDTV RecordTV Blumenau. Além de boleiro na Patota 5ª Tentativa.

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