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Creche Cantinho Bom Pastor faz entrevista coletiva

Neste sábado (9), direção, professores e funcionários do Centro de Educação Infantil Cantinho Bom Pastor falaram pela primeira vez oficialmente depois do atentado sofrido na quarta-feira (5). A creche tem inscritas 220 crianças de 0 a 12 anos, mas cerca de 140 estavam dentro do prédio no dia do atentado. Por cerca de uma hora, as mulheres relataram os momentos de pânico vividos durante e depois do ataque de um homem ao centro de educação e como têm passado estes dias seguintes.

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Eu respiro educação, eu amo educação, eu brigo pela educação, por isso que nesse momento é difícil falar alguma coisa. Nunca pensei, nunca me preparei, que a minha trajetória escolar, e minha trajetória profissional tivesse uma parte tão triste, tão doída.“, disse Alconides Ferreira de Sena, diretora do CEI Cantinho Bom Pastor. Casada e mãe de cinco filhos, Alconides é professora aposentada da rede pública de educação e profissional da área de educação há quase 50 anos.

A gente tava numa roda de conversa igual em todas as manhãs a gente faz. A gente tava cantando e a gente tava falando sobre a Páscoa. Tinham cinco professoras e tavam todos numa roda cantando, brincando felizes“, relembrou a professora Jennifer Ferreira.

Jennifer também disse o que imaginou quando o homem pulou o muro. “Quando ele pulou o muro ele tava de capacete. Ele foi realmente pra machucar as crianças. Quando ele viu uma professora indo pra cima ele simplesmente fugiu“.

Cleusa Davi, outra funcionária, contou que achava que tinha ocorrido um assalto no posto. “Eu falei coloca todo mundo no banheiro porque é um assalto, assalto no posto”.

“Antes do acontecido, eu tava lá no Parque e fui levar quatro crianças no banheiro. Quando eu sai pra levar as crianças no banheiro já foi tudo muito rápido. E nesse momento de tristeza e vi algumas professoras desesperadas puxando as crianças pra dentro. Enquanto isso ficavam outras no parque socorrendo.” lembrou a professora Luciane Silva sobre o momento de socorro das vítimas.

A auxiliar de serviços gerais Franciele Ferreira foi uma das pessoas que conseguiu agir na hora para socorrer as vítimas. Ela contou que estava limpando uma sala de frente para o parque quando escutou uma professora gritar ‘Tem um cara aqui dentro‘.

“Fui na sala dos bebês e disse ‘Meninas tranquem todos no banheiro‘, porque o banheiro é uma sala com janela alta, era mais segurança (…) Tinham crianças aqui tomando café eu só falei pra professora ‘Todos pra lavação, todos‘, e fui pegando umas meninas colocando em um banheiro e pegando uns meninos colocando em outro banheiro”, relatou Alconides.

“Corri pra dentro do parque. Eu disse Célia, tira tua blusa pra estancar o sangue dele. (…) Eu tirei a blusa e estanquei o sangue do nosso pequeno. Eu disse ‘Calma que a tia vai te ajudar’. As meninas vieram, tiraram a blusa pra estancar o sangue dos meninos. Pedi pras crianças não se mexerem que o socorro tava vindo. Eu tentei fazer tudo, fiz massagem cardíaca”, relembrou Franciele sobre os priores momentos. “Não tinha mais o que a gente fazer. A gente fez tudo que a gente pode, ficamos de top e seguimos socorrendo.”, explicou ela.***

“Quando tudo parecia estar calmo umas duas ou três educadoras estavam no parque e eu achei que elas estavam procurando a pessoa. Eu só abri o portão principal, cheguei perto da lavação e pedi socorro.”, continuou Alconides. A diretora contou que os primeiros que chegaram foram os profissionais do Samu e que rapidamente chegaram polícia, bombeiros e a imprensa.

Angústia, medo e muita dor“, relatou os sentimentos a funcionária Adriele Vicente. “Teve um momento que me senti fracassada. Mas ele não queria acabar com a vida da gente. Ele queria acabar com crianças. Isso que passa na nossa mente.”, disse Luciane.

Como eu queria que aquilo estivesse escrito num quadro negro. E a gente fosse lá com apagador e apagasse tudo aqui e tudo voltasse como antes. Infelizmente não será possível“, comentou Alconides.

As famílias do Cantinho estão nos surpreendendo porque é eles que nos consolam.”, explicou a diretora, lembrando que estão em contato direto com as famílias das vítimas.

*** Os nomes das crianças citados na entrevista foram suprimidos em respeito às vitimas e suas famílias.

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