InícioEmerson LuisEsporte: Na elite, a pegada é outra. Por Emerson Luis

Esporte: Na elite, a pegada é outra. Por Emerson Luis

Diferente do futebol onde um adversário inferior pode armar uma retranca, dar um chute a gol, a bola entrar, e conseguir a vitória, no vôlei não existe zebra (assim como em outras modalidades coletivas).

O clube de maior investimento, se jogar centrado e motivado, vai vencer a maioria das partidas.

Diante da tradição e da força econômica dos oponentes, a Apan vem enfrentando isso desde o acesso em 2019.

Com propriedade, diga-se de passagem.

Apan endureceu o jogo, mas não venceu o Cruzeiro. Foto: Raphael Moser

Na última quinta-feira (30), no Galegão, encarou o melhor time da Superliga.

O Cruzeiro confirmou seu favoritismo ao fazer 3 x 1 (19/25- 25/17- 22/25- 12/25).

Terça-feira (4), 21h, em Contagem MG, tem o segundo confronto.

A Apan teve a infelicidade de cruzar com o campeão mundial depois de ter feito a 8ª melhor campanha entre 12 participantes – Brasília DF e Rede Cuca CE caíram.

Para suplantar um adversário desse peso, é preciso jogar sempre no limite.

Ser perfeito.

Blumenau e Ituano no Galegão em 2021. Foto: Vitor Bett/BFB

O raciocínio também se aplica ao basquete feminino.

Que nos últimos anos é quem tem apresentado os melhores resultados das equipes de Blumenau em competições nacionais.

O BFB já foi vice-campeão da LBF em 2021.

Perdeu a final para o Ituano SP.

Nesta sexta-feira (31), no Galegão, conseguiu diante de Campinas SP, a primeira vitória: 88 x 61.

após três tropeços seguidos.

Para Santo André SP, Araraquara SP e Catanduva SP.

A geração vitoriosa do handebol blumenauense. Foto: Abluhand

O mesmo cabe ao handebol feminino que enquanto teve condições, bateu de frente com a poderosa Metodista de São Bernardo do Campo SP – foi vice-campeã cinco anos seguidos (2006, 2007, 2008, 2009, 2010).

No ápice da sua trajetória, conquistou o tricampeonato da Copa Brasil (2007, 2008, 2010).

Desde então vem chegando entre os quatro.

Porém, invariavelmente, convive com a incerteza da participação no segundo semestre do mais prestigiado evento da modalidade.

Blumenau Futsal na Liga de 2018 no Sesi. Foto: Sidnei Batista

O futsal é quem mais tem sofrido com o peso da concorrência.

Só não foi rebaixado ultimamente porque comprou a franquia (pagou R$ 620 mil em 4 anos).

O que consequentemente evita o descenso.

Nesta sexta (31), no Sesi, empatou com São Lourenço SC, em 3 x 3.

Em sua estreia na Liga perdeu em Carlos Barbosa por 7 x 2.

Nicole comemora o acesso para a Superliga. Foto: Lucas Prudêncio

As probabilidades de acontecer esse desgaste com o Bluvolei são grandes.

Pois na Série A tudo muda de figura.

Em todos os sentidos.

As dificuldades e as responsabilidades aumentam.

Meninas comemoram o acesso após vitória sobre Taubaté. Foto: Lucas Prudêncio

O clube ainda está saboreando a façanha.

Digerindo a perda do título (normal) para Osasco na final.

O principal título foi subir.

Há quatro anos, a Apan também foi derrotada pelo Botafogo no Rio de Janeiro.

Nos dois casos, não apagou e não apaga, o brilho do trabalho realizado.

Grupo em Osasco. Foto: Bruno Alves/@_psports

De todo modo, mesmo escondendo o jogo sobre quanto gastou, e de quanto vai precisar investir, a diretoria projeta um acréscimo no orçamento de pelo menos cinco vezes.

Para se manter na primeira divisão.

Algo em torno de R$ 1 milhão de reais.

Em uma competição que dura cinco meses até o fim da fase de classificação (outubro a março).

Brusque subiu ao vencer o Bluvolei. Foto: Reprodução/Internet

A diretoria deve se se mirar no exemplo de Brusque.

Subiu – derrotou o Bluvolei dentro do Galegão na última Superliga B.

E já desceu – fez apenas 1 ponto (porque levou um jogo para o tie-break) em 21 partidas.

21 derrotas!

Nesta sexta-feira se despede jogando em Barueri SP.

A meta era chegar aos playoffs.

Brusque somou apenas 1 ponto na Superliga. Foto: Reprodução/Internet

O rebaixamento aconteceu por algumas razões.

O clube demorou para decidir se disputaria ou não a Superliga.

Com isso se reforçou tarde demais.

Atletas receberam propostas e saíram.

Uma canadense e uma norte-americana chegaram.

A renovação passou de 50%.

Três meninas se lesionaram.

Na estreia contra o Minas, o técnico Maurício Thomas (que ficou), contou com apenas 9 relacionadas.

Dois patrocinadores (Havan e FIP) desembarcaram no meio da competição.

O orçamento era de R$ 1 milhão.

Brusque mandou seus jogos no Sesi. Foto: Reprodução/Internet

Existem semelhanças.

O Bluvolei dificilmente vai conseguir manter o mesmo elenco.

Algumas jogadoras se destacaram.

Se valorizaram.

Por mais que tenham se envolvido afetivamente com o projeto (isso ficou evidente na decisão contra Taubaté SP), são profissionais.

Time comemora ponto contra Taubaté. Foto: Lucas Prudêncio

Querem ganhar mais – o teto é R$ 3.500,00 + bolsa na faculdade + pagamento de aluguel em apartamento.

Sonham em jogar em um time de maior expressão.

Todas, talvez as meninas da base são exceções, têm agentes.

Sim, não é só no futebol que existe esse processo.

Estão “livres” no mercado.

Comemoração do acesso no Galegão. Foto: Lucas Prudêncio

O Bluvolei teve de fazer uma grande reformulação para finalmente subir após 33 anos.

Só quatro atletas ficaram.

10 foram contratadas.

O treinador Vinicius Gamino (Alegrete) pediu para sair.

Recebeu convite para ser coordenador técnico no USPM de Lima no Peru.

Rogério Portela nos tempos de Brasília. Foto: Reprodução/Internet

O primeiro grande acerto foi trazer Rogério Portela para seu lugar.

Um cara equilibrado e qualificado, conhecedor profundo da Série B (subiu com o Brasília) e e do vôlei catarinense (Rio do Sul, Brusque, Itajaí).

O segundo ponto positivo foi o retorno de Edna – esposa de Portela – que começou no Bluvolei.

Rogério e Edna comemoram o acesso. Foto: Lucas Prudêncio

Edna (39 anos).

Wime (35).

Pauline (32).

Letícia (25).

Julia (24).

Foram essenciais no equilíbrio com a juventude.

Vittoria tem 16 anos e veio de Jaraguá do Sul. Foto: Lucas Prudêncio

A média de idade saltou de 22 para 24 anos.

Vittoria, por exemplo, que veio de Jaraguá do Sul, parecia uma veterana no terceiro e definitivo jogo com Taubaté SP.

Tem apenas 16 anos.

Esse tipo de comportamento (dela e de outras jovens atletas) em um jogo decisivo e tenso, chama a atenção.

Equipe esteve quarta-feira no gabinete do prefeito. Foto: Bluvolei

O Bluvolei precisou “forçadamente” construir um time mais cascudo para chegar à elite.

Sacrificou a base sem perder a identidade.

O que vai ser desse time na Superliga, por ora, não dá para saber.

Tudo necessariamente vai passar por mais apoio e mais dinheiro.

Na elite, a prateleira é outra.

Emerson Luis é jornalista. Se formou no IBES/Sociesc em 2009. Trabalha com comunicação esportiva desde 1990 quando começou sua carreira no rádio de Blumenau. Atualmente é comentarista esportivo do Programa Alexandre José na Rádio Clube FM 89.1. Repórter e apresentador de esportes do programa Balanço Geral da NDTV/Record TV. E boleiro da Patota 5ª Tentativa.

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