Primeiro foi o badminton.
Com 48 voluntários.
Distribuídos em oito semáforos.
Arrecadação de R$ 9.088,68

Depois foi a vez do futsal.
Com a escolinha Spaca Blu, do bairro Fortaleza.
50 integrantes.
Também em oito sinaleiras.
Que levantaram R$ 9.966,00

No último sábado (11), a tarefa coube à Liga Catarinense de Vôlei.
100 atletas, técnicos, dirigentes e pais se revezaram em 10 locais.
Veio gente de Gaspar, Pomerode, Timbó, Nova Trento, Rodeio, Guaramirim, Piçarras e Florianópolis – inclusive o campeão olímpico Paulão que tem um projeto de vôlei na capital.
Lucro de R$ 14.680,96

Ainda este mês, no outro sábado (25), quem vai em busca de recursos é um clube que representa Blumenau na Liga Nacional.
O basquete feminino, por meio da sua associação, espera, no mínimo, repetir os números do ano passado.
Quando cerca de 100 pessoas, espalhadas em 12 pontos, conseguiram R$ 16 mil. ´
Tudo investido nas categorias de base.
Do sub-12 ao sub-19.

A próxima equipe a participar de um pedágio é a ginástica rítmica/Agiblu (24 de junho).
Seguido da natação (29 de julho).
Remo/Clube Náutico América (5 de agosto).
Apama Futsal (23 de setembro).
Associação das Escolas de Futebol Alumetal (11 de novembro).
Associação de Paradesporto (25 de novembro).
Bluvolei (2 de dezembro).

A procura é grande.
Bem como a concorrência e a burocracia – bem menor para quem está com tudo em dia.
A Praça do Cidadão exige estatuto, atas atualizadas, certidão negativa de débitos, documento de utilidade pública.
Tudo precisa ser deferido para que em dezembro os responsáveis sejam chamados para analisar as datas disponíveis.
A última etapa é a liberação do alvará.
Posteriormente é necessário prestar contas.
A cada ano é preciso fazer a renovação da papelada.

Exceção para entidades especiais como a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais.
Que tem data fixa no calendário – nada mais justo.
A Apae vai estar nas ruas novamente dia 13 de maio.
Pela 23ª vez.
Ano passado foram 371 voluntários.
Total arrecadado de R$ 83.785,99.

Como se vê, a mobilização dos voluntários e a sensibilidade dos doadores são bem maiores do que qualquer modalidade esportiva.
Por isso muitos times concentram forças em outros eventos.
Na última feijoada do basquete feminino, por exemplo, sobraram R$ 26 mil.
Ninguém pode abrir mão disso.
Seria um suicídio.

Tudo é caro.
Sobretudo quando o esporte é individual.
Como o karatê.
O jovem Joaquim Montibeller, 12 anos, da ABK (Associação Blumenau de Karatê) vai disputar neste fim de semana, em Joinville, a Seletiva Nacional e a etapa do Campeonato Brasileiro.
Entre taxas de inscrição, equipamentos, combustível e alimentação, os pais Joanes e Morgana vão gastar cerca de R$ 2 mil.
Imagina se fosse fora do estado.

Até o futebol profissional segue essa linha faz um tempo.
Em fevereiro, na hamburgada do Metropolitano, sobrou limpo R$ 7,800.00
E dia 13 de maio tem costelaço no CT.

A Secretaria Municipal do Esporte (SME) tem um orçamento anual de R$ 16 milhões – R$ 12 milhões são recursos próprios. O restante vem do Estado e da União.
Só para o Bolsa Desportista são destinados R$ 7 milhões.

Os sete representantes do município nas competições nacionais recebem R$ 30 mil/mês.
O repasse para os demais times coletivos e individuais varia de R$ 5 mil a R$ 15 mil.
Salário, alimentação e transporte para jogos oficiais.
55 equipes em 33 modalidades.
Isso explica as razões das ações extra/campo.

Meu filho vai completar em maio 5 anos.
Faz jiu-jitsu e futebol na creche.
Futebol há quase dois anos.
Mal sabe chutar uma bola.
Cedo?
Talvez.
Mas a frustração é grande.
Leva mais jeito nas artes marciais.

Já minha filhota de 10 anos está completando um mês de natação.
Faz canto também.
Já fez balé.
Como nas aulas de educação física na escola onde frequenta, costuma brincar de queimada, nunca 4 (!) e pega-pega energia (!), estou muito feliz por ela estar inserida em um esporte de verdade.
Sua evolução é empolgante.

Se vai dar certo ou não, só o tempo dirá.
Bem como só o futuro vai mostrar se minha esposa e eu também teremos de encarar uma manhã quente ou gelada para “mendigar” apoio ao esporte.
No fundo, não estou preparado para isso.

Tiro o chapéu, dou valor, aplaudo de pé quem se envolve.
Ao mesmo tempo considero o movimento um insulto.
Um “privilégio” que não é local, bom que se diga.
A afronta é nacional.
Retrato de um governo/sistema (histórico) que sempre tratou o esporte com indiferença.

Emerson Luis é jornalista. Se formou no IBES/Sociesc em 2009. Trabalha com comunicação esportiva desde 1990 quando começou sua carreira no rádio de Blumenau. Atualmente é comentarista esportivo do Programa Alexandre José na Rádio Clube FM 89.1. Repórter e apresentador de esportes do programa Balanço Geral da NDTV/Record TV. E boleiro da Patota 5ª Tentativa.
