InícioMárcia PontesMárcia Pontes: Os motoristas desaprendem a dirigir com chuva?

Márcia Pontes: Os motoristas desaprendem a dirigir com chuva?

Pela quantidade de comportamentos de risco que se vê nas rodovias quando chove, das duas uma: ou os motoristas desaprendem a dirigir com água caindo do céu ou o pior de tudo: não estão nem aí com os cuidados básicos! 

O cenário é a BR-101 de Porto Alegre ao Vale do Itajaí. Enquanto a chuva intensa cai sobre a rodovia o que se vê não dá para acreditar! 

Em dias chuvosos assim o cenário fica gris, cinzento, e só se percebe os veículos à frente pelas luzes de segurança. No entanto muitos motoristas trafegam com farol desligado ou queimado. Carros de cor cinza, grafite e branco, por exemplo, se confundem com a cor do asfalto em meio ao sprint de água que sai dos pneus.

De repente o motorista da frente aciona o pedal de freio e a única luz de segurança se acende por alguns segundos. 

O que tem de motorista ultrapassando em curvas, subidas e locais que com o tempo seco já têm pouca visibilidade é de assustar! 

As poças d´água no asfalto podem causar a aquaplanagem, mas muitos motoristas ignoram e aí é que aceleram! Justamente com pavimento molhado em que a distância de frenagem e de parada total do veículo requer praticamente o dobro de espaço! 

Veículos grandes e pesados como os caminhões quando passam com velocidade fazem com que a água empoçada na pista seja jogada com violência contra o parabrisas de carros menores. Se for moto o motociclista pode ser jogado para o acostamento, tombar a moto e cair. 

Carros que transportam objetos a reboque de carretinhas precisam manter a régua traseira iluminada informando sobre as frenagens e mantendo as luzes ligadas enquanto dirigem. Mas, não é o que se vê. 

Mesmo quem trafega pela faixa da direita em menor velocidade acaba ficando muito próximo do veículo que vai à frente. Nem todos respeitam a distância de segurança do outro. 

Para muitos motoristas a forma de guiar é a mesma que nos dias sem chuva: ultrapassam com cada vez mais velocidade e não dão seta. Jogam os veículos maiores em cima dos menores. 

Alguns transportam bicicletas de forma inadequada, seja tampando a visualização da placa do veículo ou com altura superior a 50 centímetros do teto. 

Nessa hora o que parece é que esses motoristas estão se lixando para os apelos da PRF e das autoridades de trânsito. Alguns dirigem em zigue zague e a gente fica sem saber se o motivo é a mistura álcool e direção ou celular e distração. 

É um segundo de desatenção para o risco potencial de acidente se materializar. 

Mais parece que quando chove muito motorista desaprende a dirigir. 

Independente de trafegar numa rodovia duplicada que dispensa o farol baixo nos dias secos, com chuva o farol baixo é obrigatório mesmo tendo a luz de rodagem diurna (aqueles faróis de led que saem de fábrica e acendem imediatamente que se liga o veículo). 

No Morro dos Cavalos ou no Morro do Boi mesmo com chuva muito caminhoneiro desrespeita as placas de sinalização, não se mantém à direita e provocam frenagens bruscas dos outros veículos quando perdem muita velocidade carregados na subida. 

Tentando ultrapassar eles prejudicam o fluxo normal dos veículos menores e é assim ao longo de todo o trecho sinalizado que obriga os caminhões a ficarem na direita. 

Apressadinhos e impacientes muitos invadem o acostamento para transitar em velocidade incompatível e até ultrapassar. Nem parece que é infração gravíssima multiplicada por três! 

Por ano no Brasil mais de 60 mil pessoas morrem em acidentes de trânsito e cerca de meio milhão ficam feridas ou com algum tipo de sequela. Muitos ficam sequelados permanentes. 

A fiscalização não dá e nunca vai dar conta sozinha. 

As campanhas educativas não encontram eco e as recomendações de segurança não encontram responsividade no modo de dirigir desses motoristas. 

Assim fica difícil de se acreditar no discurso de que juntos salvamos vidas quando tem muito mais gente junta fazendo lambança nas vias urbanas e rodovias. 

Não bastasse o desafio diário de se evitar acidentes e não se envolver em nenhum no caminho para casa dirigir em dias chuvosos aumenta o risco potencial.

E o pior de tudo é que a mudança no modo de conduzir um veículo sempre vai depender diretamente de quem está atrás do volante. 

Sabe aquela máxima? Dirigir por si e pelos outros. 

E salve-se quem puder!

Márcia Pontes/Colunista Portal Alexandre José

Márcia Pontes é escritora, colunista e digital influencer no segmento de formação de condutores, com três livros publicados. Graduada em Segurança no Trânsito pela Unisul, especialista em Direito de Trânsito pela Escola Superior Verbo Jurídico, especialista em Planejamento e Gestão do Trânsito pela Unicesumar. Consultora em projetos de segurança no trânsito e professora de condutas preventivas no trânsito. Vencedora do Prêmio Denatran 2013 na categoria Cidadania e vencedora do Prêmio Fenabrave 2016 em duas categorias.

Notícias relacionadas

Deixe uma resposta

Últimas notícias

error: Toda e qualquer cópia do Portal Alexandre José precisa ser creditada ao ser reproduzida. Entre em contato com a nossa equipe para mais informações pelo e-mail jornalismo@alexandrejose.com
%d blogueiros gostam disto: