Pedi por duas semanas para o blumenauense esquecer por um tempo o futebol profissional e apoiar os esportes coletivos.
Sobretudo, as sete equipes que nos representam em eventos nacionais.
Vôlei e futsal masculinos, basquete e handebol femininos que estão na prateleira das competições.
Vôlei feminino, basquete e handebol masculinos na divisão de acesso.
Sem deixar de prestigiar as demais modalidades.
Bem como os diversos atletas que lutam por afirmação e valorização.

Entretanto me senti na obrigação de voltar ao tema depois da renovação de contrato da prefeitura com o Sesi.
Prorrogação natural por mais um ano (janeiro a dezembro).
Pois atletismo, ginástica artística, além dos já citados futsal, handebol e vôlei, seguem dependentes da estrutura para treinos e/ou jogos oficiais.
No local também funciona uma creche municipal.
Aluguel de R$ 450 mil.

Contrato que pode ser rompido caso a municipalização saia do papel.
O que sinceramente acredito ser difícil de acontecer de uma hora para outra, depois que a grana do governo do Estado foi vetada.

A Fiesc decidiu em 2019 não alugar mais o campo para o futebol profissional.
Acredito que já existia um plano para se transformar em uma escola do Sistema S.
De todo modo, bom que se diga, seria necessário fazer investimentos no estádio.
Como aumentar o gramado para ter as medidas oficiais 105m x 68m (2,5m a mais atrás de cada trave).
Construir um acesso para os vestiários separado para cada time (hoje são compartilhados).
E ainda uma entrada para cada ônibus/delegação (todos entram pelo portão principal).
São exigências da Federação Catarinense de Futebol para disputar uma Série B, por exemplo.
O Sesi não foi projetado para receber jogos de futebol profissional.
Foram feitas adequações ao longo dos anos.

A Fiesc não estava disposta a investir.
Bem como os clubes que não tinham recursos.
Porém, amparados em uma premissa básica: quando se vive de aluguel quem tem de fazer e pagar as reformas é o dono.
Por outro lado nunca é demais lembrar que a instituição cansou de tomar porrada e levar calote.

Como sempre coloquei: ruim com o Sesi, pior sem ele.
Foi um baque para muita gente.
Estremeceu a zona de conforto de dirigentes e políticos.
Os clubes tiveram de se virar.
O Metrô fez acordo com o Atlético em Ibirama.
E o BEC, mesmo tendo ainda mais nove jogos para usar o Sesi, optou por Indaial, por considerar a locação de R$ 10 mil cara.

A participação do Metropolitano na Série B começa dia 28 de maio – em Ibirama.
A do Blumenau na Série C somente em setembro – em Indaial.
Por que não brigar para jogar em casa novamente?
Dá tempo.

Obviamente que tudo depende de uma série de fatores externos e de parceiros.
Entre eles, o poder público.

Em 2020, mesmo não sendo mais prefeito de Ibirama, o saudoso Genésio Ayres Marquetti ajudou muito o Metrô na ampliação do campo para a segundona.
Conseguiu máquina, caçamba, trator e mão de obra.

A reforma durou pouco mais de um mês.
Custou cerca de R$ 60 mil.

Melhor: custaria porque que no final das contas, Marquetti pagou tudo sozinho.
E ainda não cobrou aluguel do estádio Hermann Aichinger.
Foi um parceiraço!

O BEC gastou entre R$ 70 e 80 mil para jogar a Série C de 2021.
O combo lá no Ervin Blease era bem mais completo.
O estádio do XV de Outubro precisava de uma repaginada geral.
Não só no gramado.

Não temos nenhum mecenas igual Marchetti.
Aqui quem tem muito dinheiro não gosta de futebol.
Mas por que não usar Ibirama como espelho?
Até mesmo Indaial de alguma maneira?
Que empresta campo para treinos e banca todas as categorias de base.

A prefeitura poderia abraçar o projeto.
Auxiliar com engenheiro, maquinário e servidores.
Caberia à diretoria correr atrás do dinheiro.
Isso motivaria os apoiadores.
Seria uma etapa da municipalização.

Só daria certo, contudo, se houvesse uma união de forças, o que em Blumenau, convenhamos, é muito difícil.
Alguém precisaria liderar o processo.
Dialogar, persuadir a Fiesc.
Acionar vereadores, deputados, lideranças empresariais.
Executar o plano.

O problema é nossa resignação coletiva.
O conformismo derrotista.
Não há cobrança.
Não há pressão.
Até a turma do “Movimento Popular Joga em Casa Blumenau” largou.
Muita gente já jogou a toalha.

O futebol profissional de Blumenau necessita de uma ressuscitação.
Antes que seja tarde.
Emerson Luis é jornalista. Se formou no IBES/Sociesc em 2009. Trabalha com comunicação esportiva desde 1990 quando começou sua carreira no rádio de Blumenau. Atualmente é comentarista esportivo do Programa Alexandre José na Rádio Clube FM 89.1. Repórter e apresentador de esportes do programa Balanço Geral da NDTV/Record TV. E boleiro na Patota 5ª Tentativa.
