15 dias de férias são pouco.
30 dias de férias são muito.

Depende.
Pudera eu ficar um mês viajando, relaxando, desligando…curtindo a vida.
No fim, passo a maior parte do tempo por aqui.
A virose que eclodiu em alguns municípios do litoral também colaborou para antecipar a volta para casa.

A gente até tenta se abstrair.
Sai de grupos de trabalho, prioriza livros, filmes e séries, bate ponto nos supermercados e shoppings.
Leva as crianças para dar um passeio aqui e acolá.
Mas não tem jeito.
Vira e mexe dá uma espiada nas notícias.
No fundo, no fundo, jornalista não desliga.
Eu ao menos não consigo.

E o que mais repercutiu (e não me surpreendeu) nesse período de entressafra foi o veto dos recursos prometidos pelo ex-governador Carlos Moisés (Republicanos) para a compra (R$ 30 milhões) e manutenção/reformas (R$ 20 milhões) do Complexo Esportivo do Sesi.
Quem me acompanha sabe que desde o início estava desconfiado.
Afinal, o acerto foi feito sem assinatura de nenhum documento, pois era época de eleições.
Muitos entendem que houve implicância com a cidade que votou em massa no seu sucessor, Jorginho Mello (PL).
Só que outros municípios também tiveram recursos cortados.

Indaial, por exemplo.
Os R$ 25 milhões, que seriam injetados na construção da Arena Multiuso com capacidade inicial para 2.400 lugares no Parque Jorge Hardt ficaram apenas no discurso do Plano 1000.
O processo estava mais adiantado do que o nosso.
Uma empresa local já havia, inclusive, vencido a licitação.
Entrega da obra em 2024.

Para variar, voltamos à estaca zero.
Sem nenhuma possibilidade de ter futebol profissional este ano na própria casa.
Será o quarto ano seguido que Metropolitano e Blumenau vão jogar em Ibirama e Indaial, respectivamente.
Tudo parece ser tão normal.

O futebol é sempre lembrado quando o tema é a municipalização.
Porém, atletismo, handebol, ginástica, natação, futsal, o programa paradesporto, que necessariamente dependem do Sesi para sediar alguma competição, têm importância bem maior.
São projetos consolidados – bem diferente dos clubes de futebol.
Caso esse dinheiro um dia venha, de fato, devem ser prioridades de investimento do poder público.

Nunca é demais lembrar que a pista não tem condições de sediar nenhum tipo de campeonato de atletismo decente.
Já as equipes de futsal e handebol (que representam a cidade na Liga Nacional) tocam bumbo para que não chova durante os eventos que promovem.
Já teve jogo de futsal que precisou ser paralisado por conta das goteiras no telhado que precisa ser reformado.

O governador assumiu no último dia 1º.
Ainda está se inteirando dos fatos.
Jorginho Mello não deve ignorar a votação esmagadora que recebeu em Blumenau.
Foram 75,49% dos votos válidos no 2º turno (153.543 votos).
Só que por enquanto não dá para exigir muita coisa.
De todo modo, já é sabido que a conversa sobre o Sesi “será mais adiante” como me garantiu um interlocutor do governador.
Por sua vez, a emenda parlamentar de R$ 30 milhões do deputado Ivan Naatz (PL), que poderia ser um alento para que a proposta saísse do papel, foi vetada por Carlos Moisés para o orçamento de 2023.
O advogado afirmou que vai conversar com Jorginho Mello para que o veto seja derrubado.

Enquanto isso, com doses homeopáticas de isolamento, distanciamento e silêncio, dirigentes seguem matando a paixão e a autoestima dos poucos torcedores que ainda resistem e insistem em acreditar que nosso ostracismo é passageiro.

Tudo igual.
Mais do mesmo.
Emerson Luis é jornalista. Se formou no IBES/Sociesc em 2009. Trabalha com comunicação esportiva desde 1990 quando começou sua carreira no rádio de Blumenau. Atualmente é comentarista esportivo do Programa Alexandre José na Rádio Clube FM. E repórter e apresentador de esportes do programa Balanço Geral da NDTV/Record TV.
