Minha mulher profetizou:
“O jogo está com cheiro de 0 x 0”.
Embora fosse muito cedo, parecia uma tendência.
Muito porque a Sérvia já mostrava seu objetivo.
Parar o Brasil na força, na marra, na superioridade física.
Por vezes na pancada.
O principal alvo era Neymar.
Que tomou tanta porrada que saiu machucado no final.
Diagnosticado após exame de imagem com torção ligamentar no tornozelo.
Assim como o lateral direito Danilo com lesão parecida, porém menos grave.
Os dois estão fora contra Suíça e Camarões.
Só voltam (dependendo da evolução) nas oitavas de final.
Foi um confronto complicado.
No primeiro tempo.
Pois na etapa final foi um massacre.
Foram 18 finalizações (outras cinco no primeiro tempo).
Contra apenas três do rival (que cansou e foi envolvido pelo talento brasileiro).
A seleção teve em Vinícius Júnior sua principal válvula de escape.
Foram do atacante do Real Madrid as principais chances.
E as duas assistências para os gols de Richarlison (o segundo, de voleio, foi uma pintura).
Destaque para a atitude brasileira.
No entanto não dá para esquecer do sistema defensivo que foi primoroso.
Uma vitória merecida.
Da qualidade.
Da paciência.
Da força mental do grupo.
Que aumenta a confiança e dá muita moral para a sequência do Mundial.
É cedo para apontar favoritismo.
Inclusive o nosso.
Muito menos indicar que determinadas seleções vão ser eliminadas logo na primeira fase como muita gente já vaticinou.
Argentina e Alemanha foram derrotadas, respectivamente, com justiça, para Arábia Saudita e Japão por 2 x 1.
São as duas equipes mais agouradas pelo brasileiros.
Tropeçaram.
Talvez na soberba.
No desrespeito aos “inexpressivos” adversários.
De qualquer maneira é preciso reconhecer os méritos de quem estava do outro lado.
E admitir que ambos podem se recuperar.
Neste sábado (26), às 16h, a Argentina encara o México.
Se vencer volta para a briga.
Existem sinais.
Tendências depois dos 16 primeiros jogos.
Pela ordem de impressão, de impacto positivo, quem mais me chamou a atenção foi a Espanha após o humilhante 7 x 0 na Costa Rica.
Lógico que o adversário não serve de parâmetro.
Contudo, a organização, os movimentos coordenados, a sintonia coletiva e a qualidade individual dos jogadores foram bem interessantes.
Só que o grande teste mesmo será contra a Alemanha, no próximo domingo (27), às 16h.
Mesmo arrebentada por conta dos desfalques por lesões, a França mostrou suas credenciais na vitória de 4 x 1 sobre a Austrália – que também não é indicador.
A atual campeã continua forte.
E com um Mbappé ainda mais inspirado depois do veto à Benzema – segundo a imprensa europeia havia uma queda de braço, uma disputa pelo poder no vestiário.
A Inglaterra foi outra que apresentou repertório e opções no banco ao fazer 6 x 2 no Irã.
Vai incomodar.
Tem as decepções.
Esperava muito mais da Dinamarca.
Quebrei a cara depois do 0 x 0 com a Tunísia.
A Bélgica provou que está envelhecida.
Sofreu para derrotar o Canadá por 1 x 0.
Não tem bala para superar o 3º lugar de 2018.
Portugal ficou devendo da mesma forma.
Tem elenco muito bom do meio para a frente.
A defesa é um problemão.
Cristiano Ronaldo não é mais o mesmo.
Mas seu nome ainda tem peso.
Tanto é que cavou o pênalti que ele bateu e converteu para abrir o placar na vitória suada de 3 x 2 diante da esforçada e viril Gana.
Segunda-feira (28), às 13h, o Brasil enfrenta a Suíça.
Que na estreia venceu Camarões por 1 x 0.
Camarões e Sérvia jogam mais cedo, às 7h.
Temos tudo para garantir a classificação de forma antecipada e cruzar com o segundo colocado do Grupo H (Portugal, Uruguai, Coréia do Sul ou Gana).
No momento, o melhor a fazer é desfrutar da atuação convincente.
Manter a concentração e os pés no chão.
Emerson Luis é jornalista. Se formou no IBES/Sociesc em 2009. Trabalha com comunicação esportiva desde 1990 quando começou sua carreira no rádio de Blumenau. Atualmente é comentarista esportivo do Programa Alexandre José na Rádio Clube FM. E repórter e apresentador de esportes do programa Balanço Geral da NDTV/Record TV.