Já destaquei o tema aqui nesse espaço.
Reforçar nunca é demais.
Não fossem as Associações de Pais, muitas modalidades já teriam morrido.
Junto com o desejo dos filhos de se tornar um atleta profissional.
A Associação Desportiva de Pais e Amigos dos Menores Atletas (Apama) deu exemplo de grandeza e ousadia ao sediar a Taça Brasil de Futsal Sub-14.
Competição que reuniu 10 representantes de nove estados:
– Paraná (ADAF/Cascavel)
– São Paulo (Lausanne Paulista/São Paulo)
– Minas Gerais (AABB/Belo Horizonte)
– Mato Grosso do Sul (Escolinha Pezão/Campo Grande)
– Bahia (Shekinah/Salvador)
– Ceará (Círculo Militar/Fortaleza)
– Pernambuco (ADESPPE/Recife)
– Pará (Clube do Remo/Belém)
– Santa Catarina (Clube Recreativo Chapecoense e Apama)
Pelo regulamento que mudou nesta temporada, todo time campeão estadual Sub-13 do ano anterior garantiu presença na Taça Brasil.
Como a APAFF de Florianópolis não tem mais equipe Sub-14, o CRC, como vice-campeão, herdou a vaga.
E a Apama (que terminou em 4º lugar em 2021) entrou como anfitriã.
A Apama foi campeã invicta.
Sete vitórias.
Primeira fase:
5 x 0 ADAF PR
6 x 3 Escolinha Pezão MS
2 x 1 Lausanne Paulista SP
7 x 1 Círculo Militar CE
Quartas de Final:
8 x 0 Shekinah BA
Semifinal:
2 x 0 Remo PA
Final:
2 x 1 CRC/Chapecó SC
Os números são ainda mais relevantes.
Melhor ataque: 32 gols marcados.
Segunda melhor defesa: 6 gols sofridos – um a mais do que o CRC SC.
Artilheiro: Pedro com 10 gols.
Melhor treinador: Michel Schlosser.
Troféu Fair Play: Time mais disciplinado.
Um título merecidíssimo e inquestionável para quem atuou em quadra.
Mas também para quem esteve do lado de fora.
Pais, dirigentes, parceiros, patrocinadores, apoiadores…
Que não mediram esforços para levantar recursos para a realização do evento que durou oito dias no Complexo Esportivo Bernardo Werner.
Um torneio desse porte, mesmo de base, custa caro.
R$ 75 mil.
Nada foi tirado do caixa da Apama.
A diretoria afirmou desde o início que não teria receita.
Por isso foi montada uma comissão de pais do Sub-14.
Todo mundo pegou junto e correu atrás.
Durante 10 meses.
O que tornou a Taça Brasil onerosa foi a falta de colaboração financeira da Confederação Brasileira de Futsal.
Ela que deveria ser a maior incentivadora, não ajudou com nada.
Para não ser “injusto”, a CBFS doou as seis bolas usadas nos jogos da marca Joma.
Que não podem ser utilizadas nos torneios estaduais porque a Federação Catarinense de Futsal tem parceria com a Pênalti.
A propósito, a FCFS também não auxiliou com nenhum tipo de recurso.
A Secretaria Municipal do Esporte foi uma grande apoiadora.
Pagou a arbitragem.
De 12 profissionais (quatro de cada estado do Sul).
O valor dos 22 jogos da fase de classificação e o da final ficou em R$ 16,100.00.
As quatro partidas (quartas de final e semifinais) entraram nas despesas da organização: R$ 2,800.00.
A CBFS poderia ao menos ter bancado a arbitragem.
No mínimo.
O irônico é que a entidade cobra uma taxa de R$ 4 mil para quem recebe a Taça Brasil.
A indignação aumenta quando se sabe que hospedagem (oito diárias em hotel), alimentação (almoço e jantar), transporte (de cidades do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina), e deslocamento interno dos árbitros, foram de responsabilidade da comissão de pais.
Fora ambulância, confecção, montagem e desmontagem de placas de publicidade, a logística das quadras – que precisavam estar prontas no dia seguinte para os Jogos da Primavera -, backdrop, gelo, água…
É uma bola de neve.
A SME ainda pagou indiretamente o aluguel das duas quadras principais e a auxiliar de vôlei do Sesi – a competição mesmo sendo de base tem de ser disputada em um espaço oficial 40x20m -.
A diretoria fez um levantamento de R$ 10,200.00.
A secretaria costurou um acordo com a direção do Sesi que não envolveu valores diretamente.
Tinha horários de locações que foram autorizados para o evento.
Organizar qualquer festinha de aniversário de criança já é estressante.
Imagina um evento desse tamanho.
No entanto existe a compensação, a satisfação, a valorização.
A façanha é impagável e histórica.
Nesses 28 anos, a Apama foi hexacampeã estadual (2x no Sub-15, 3x no Sub-17 e 1x no Sub-20).
Foi campeã da Olesc e dos Joguinhos Abertos representando Blumenau.
Participou de cinco edições do Campeonato Brasileiro.
Nunca havia ido tão longe.
Todos os personagens envolvidos tiveram participação fundamental no sucesso da Taça Brasil.
Mas se tem alguém que merece este caneco é Reginaldo de Souza.
Que faz parte da Apama desde o primeiro dia.
Quatro anos antes para ser mais exato, pois nos tempos do futsal da Souza Cruz, o ex-goleiro já sonhava com em construir algo do gênero.
Reginaldo é um produtor de atletas, técnicos e sonhos.
Me identifiquei com a postagem do técnico Michel Schlosser após a celebração do título.
Destacou o peso da vitória.
Dividiu os méritos com atletas e sua comissão técnica.
Lembrou dos aprendizados.
Do esforço de todos.
Agradeceu os patrocinadores.
E não esqueceu da família.
“A batalha de vocês é muito maior do que a minha. Porque para ser um bom treinador, muitas vezes eu não sou o melhor pai, filho ou marido”.
Uma ótima reflexão para um perfeccionista como eu.
Que jamais tinha me dado conta de sua dimensão.
Emerson Luis é jornalista. Se formou no IBES/Sociesc em 2009. Trabalha com comunicação esportiva desde 1990 quando começou sua carreira no rádio de Blumenau. Atualmente é comentarista esportivo do Programa Alexandre José na Rádio Clube FM. E repórter e apresentador de esportes do programa Balanço Geral da NDTV/Record TV.