O futebol profissional de Blumenau passa por um momento delicado.
De isolamento.
De distanciamento.
De silêncio.

Condenado por sucessivos fracassos, perdeu a essência, a identidade, o crédito.
Indiferente, sem calendário, sem perspectivas, afugenta os poucos torcedores que ainda tem.
A realidade é a que segue.

Rebaixado para a terceira divisão, o BEC, com o Sub-17, carrega o nome da cidade.
Na verdade, o time é da Fundação Municipal de Esportes (FME) de Indaial.
A parceria permite, por exemplo, disputar competições estaduais, como a Copa Santa Catarina.
Campanha de três derrotas (Juventus, Brusque e Barra).
Neste sábado (22), 15h, encara o Nação, no CT Irineu, em Joinville.
A garotada ainda joga a Copa Oma, no Clube de Caça e Tiro Velha Central.
Ficou em primeiro do grupo com três vitórias.
Nas quartas de final eliminou o Rio Grande de Palhoça.

Como o contrato com as duas empresas de Curitiba terminou logo após a eliminação nas semifinais da Série B profissional para o Atlético Catarinense de São José, em 13 de agosto, é a categoria Sub-17 que também mantém o Metropolitano em evidência.

O acordo é mais ou menos parecido.
Quem faz a frente é o Instituto Metropolitano.
Quem leva a “fama” é o clube.
A gurizada também participa da Copa Oma.
Na primeira fase venceu duas partidas e perdeu outra.
Se classificou em segundo lugar na chave.
Dia 6 de novembro faz jogo eliminatório contra o Juventus de Jaraguá do Sul.

Já no Campeonato Municipal de Futebol Amador, reforçado de três a quatro moleques acima da idade, a realidade é outra.
Quatro derrotas seguidas.
Lanterna.
As chances de classificação para as semifinais são remotas.
Faltam duas rodadas.
Neste domingo (23), às 15h30, enfrenta o Canto do Rio, no Progresso.
A classificação completa da competição promovida pela LBF está aqui.

Já pensando no ano que vem, está prevista para 5 de novembro, uma nova peneira em busca de talentos.

No mesmo dia e local vai ter mais uma pastelada para auxiliar nas despesas mensais.

Outro projeto encabeçado pelo Instituto é o do futebol feminino adulto.
Que com apoio de patrocinadores e parceiros, especialmente a Secretaria Municipal de Esporte (SME), tem representado o município no Campeonato Catarinense.
A Associação Blumenauense de Futebol Feminino nasceu em 2019.
Logo de cara vieram os títulos da Copa Nova Aurora e dos Jogos Abertos (Blumenau ficou campeã depois que cinco municípios foram punidos por irregularidades).

No primeiro semestre deste ano, as meninas jogaram o Campeonato Municipal.
Perderam a final para o Canto do Rio – 0 x 0 na Itoupava Central e 2 x 0 no Progresso.
Mesmo assim comemoraram bastante.
Elas sabem o sacrifício que fazem para estar em campo.

A estreia no estadual foi com empate de 2 x 2 com o Juventus, em Jaraguá do Sul.
Competição de tiro curto.
Jogos só de ida.
Cinco representantes.
Passam dois para a decisão.

O Kindermann é favoritaço ao título – tem atleta em Caçador que ganha R$ 14 mil de salário.
O interessante é que o vice-campeão garante vaga na Série A3 do Campeonato Brasileiro.
Esse é o foco – mesmo diante das desvantagens sobre as rivais.
A vitrine é interessante.
A tabela completa nesse link.

São 24 jogadoras.
14 de Blumenau e região.
10 vieram de outros municípios de Santa Catarina.

Ninguém recebe salário – trabalhar de graça tem prazo de validade.
Por isso que todas têm um emprego.
Além de maridos, filhos.
A goleira Vanessa, para se ter uma base da realidade, é mãe de cinco.

A modalidade ainda não foi contemplada com o programa bolsa desportiva da SME, apesar de defender Blumenau nos Jogos Abertos de Rio do Sul.
A classificação está garantida para novembro depois de terminar os JASC do ano passado em 3º lugar.
As atividades físicas são online, à noite.
Treinos com bola só na véspera.
E olhe lá, pois o tempo ultimamente não tem ajudado.
Parceiros como Grêmio Itoupavazinha, Salto do Norte e Atlético Itoupava – onde a equipe mandará as partidas – cobram um valor básico de aluguel.

O que tem prejudicado a logística é o fato de não poder utilizar o CT Romeu Georg.
Chuveiros, refeitório, lavanderia…
Ajudaria muito.
Está limitado ao time profissional.
Com o fim da segundona áreas foram desativadas.
Colaboradores foram desligados.
A culpa é sempre a mesma quando se cortam cabeças: redução de custos.
Isso vale para o Sub-17.
Que também não pode usar o prédio e os campos da Associação Altona.
Está disponível só para o elenco principal.
A partir de quando exatamente?
O futebol profissional só volta à ativa em 2023.
Antes havia o compartilhamento das duas estruturas.
Negociações e prioridades de quem tem a caneta na mão.

Neste sábado (22), às 15h, no Estádio Guilherme Jensen, o Instituto (Metropolitano), comandado pelo técnico William Vermohlen, encara o Pedra Branca de Palhoça.
Ninguém paga ingresso.

Uma ótima oportunidade de demonstrar apoio e valorizar quem realmente merece.


Emerson Luis é jornalista. Se formou no IBES/Sociesc em 2009. Trabalha com comunicação esportiva desde 1990 quando começou sua carreira no rádio de Blumenau. Atualmente é comentarista esportivo do Programa Alexandre José na Rádio Clube FM. E repórter e apresentador de esportes do programa Balanço Geral da NDTV/Record TV.