InícioEmerson LuisEsporte: Comemoração ou provocação? Por Emerson Luis

Esporte: Comemoração ou provocação? Por Emerson Luis

O que aconteceu com Vinícius Júnior é tão abjeto que prefiro não requentar o debate.

Afinal, o racismo só muda de endereço.

É inerente do ser humano pobre de espírito.

De qualquer maneira, o tema da coluna tem ligação com as consequências do que ocorreu (de novo) na Espanha: a celebração de gols.

Rodrygo e Vini Júnior comemoram gol contra o Atlético. Foto: Reprodução/Internet

A dança de Rodrygo com o próprio Vini tirando onda na frente dos torcedores do Atlético de Madrid foi a resposta perfeita para o cidadão ignorante, sábio e besta – parafraseando Raul Seixas na canção Cambalache, de 1934, de autoria do argentino Enrique Santos Discépolo.

Que foi regravada ainda por Caetano Veloso, Gilberto Gil e Angela Ro Ro.

Samba brasileiro na Espanha. Foto: Reprodução/Internet

Terceira Lei de Newton.

Em qualquer circunstância.

“Toda ação gera uma reação”.

Positiva ou negativa.

Vale, inclusive, para o comportamento do jogador quando faz um gol.

Terceira Lei de Newton. Arte: Reprodução/Internet

Assunto que foi bastante discutido no início da semana após o cartão amarelo recebido por Pedro Raúl, do Goiás.

O atacante colocou as mãos nos ouvidos e encarou a torcida do Bragantino.

Ele jurou em entrevista após a partida que comemorou todos os seus 15 gols no Campeonato Brasileiro da mesma forma.

Não exatamente.

Pesquisei seus gestos e atitudes.

Pedro Raúl comemorou gol na frente da torcida do Bragantino. Foto: Reprodução/Premiere

Não existe um padrão.

A resposta passa pelo momento do jogo.

O passe.

A finalização.

O próprio encaixe do time.

E lógico, a maneira como vem sendo fustigado pela torcida.

O sangue geralmente ferve.

Ninguém gosta de perder.

Muito menos ser zoado.

Tudo deve pesar na hora do desabafo.

Causa e efeito.

Pedro Raúl nos tempos do Botafogo. Foto: Reprodução/Internet

O próprio Vinícius Júnior, em 2018 no Flamengo fez o “chororô” ao marcar um gol.

Não pegou bem.

Teve consequências.

Ainda mais em um clássico.

Revoltado com o trejeito, o Botafogo vetou o Estádio Engenhão para o rival na final da Taça Guanabara contra o Boavista (na época, o Maracanã estava com agenda programada para shows).

Vinícius Júnior em 2018 tirou onda com torcedores do Botafogo. Foto: Reprodução/Inteenet

Tem boleiro que adora provocar mesmo.

É o caso de Gabriel.

Gabriel comemorando gol pelo Flamengo. Foto: Reprodução/Internet

Faz parte da sua estratégia de marketing.

Atiçar o adversário, a torcida, reclamar de tudo.

Joga muito, é goleador nato, mas adora uma muvuca.

Gabigol provocando a torcida adversária. Foto: Reprodução/Internet

Neymar andou protestando sobre o cartão que tomou na partida do PSG contra o Maccabi Haifa pela Liga dos Campeões.

O árbitro alemão Daniel Siebert aplicou a punição simplesmente porque o jogador fez uma careta.

A expressão lembra o que fazia Lela, ex-atleta do Coritiba e pai de Alecsandro e Richarlyson.

“Futebol cada vez mais chato”, reclamou em vídeo postado nas redes sociais.

Irônico, afirmou que vai avisar o juiz da próxima vez.

Neymar fez careta depois de marcar gol na Liga dos Campeões. Foto:Nir Keidar/Soccrates/Getty Images

Foi um exagero, de fato.

O problema é seu histórico.

Está marcado.

Neymar pede silêncio à torcida adversária. Foto: Reprodução/Internet

Futebol tem de predominar ousadia e alegria.

Só que vou ser bem conservador.

Ou antiquado.

Depende do ponto de vista de cada um.

O jogador pode fazer o que bem entender.

Desde que não faça graça na frente do concorrente e da torcida adversária.

Até em pelada é difícil aceitar firulas e piadinhas.

Ganso foi comemorar na frente da torcida rival. Reprodução/Internet

Atitudes irônicas e de desrespeito só deixam o clima ainda mais tenso.

São um catalisador para a violência entre jogadores e torcedores.

Ganso, por exemplo, no último Fla-Flu, fez gol de pênalti e se dirigiu aos rubro-negros.

Por que não foi festejar com a torcida tricolor, que estava no outro lado do campo?

Evitável.

Roger comemorando gol com a torcida da Ponte Preta. Foto: Reprodução/Internet

A regra 12 diz que “o atleta pode ser advertido com o cartão amarelo caso a comemoração seja excessiva, tenha perda de tempo ou soe desrespeitosa com adversários ou torcida”.

Também alerta que “o jogador que tirar a camisa ou cobrir a cabeça com a camisa tem de ser intimidado da mesma forma”.

“Subir no alambrado para interagir com a torcida também é passível de punição”.

Isso é broxante.

Tem momento mais especial do que o boleiro “trepar” no alambrado e extravasar, dividir esse momento com seus torcedores?

Oséas comemora gol com a torcida do Atlético Paranaense. Foto: Reprodução/Internet

A foto abaixo também é simbólica.

No segundo gol da vitória do Guarani sobre o Novorizontino, Yuri Tanque foi reverenciar a galera no símbolo do Bugre.

Em respeito ao clube de Campinas, tirou as chuteiras, e celebrou o grande feito.

Postura grandiosa.

Yuri Tanque comemora gol com a torcida do Guarani. Foto: Thomaz Marostegan/Guarani FC

Ronaldo sempre comemorou seus gols de forma contida, balançando o dedo indicador direito ou mostrando a tatuagem em homenagem à ex-esposa, Daniela Cicarelli.

Porém, em um clássico contra o Palmeiras, quebrou o protocolo.

Foi seu primeiro gol após a séria lesão que sofreu no joelho.

O fenômeno pulou a placa de publicidade e se pendurou no alambrado.

Levou a Fiel ao delírio.

Ronaldo “fenômeno” comemorou seu primeiro gol no Corinthians dessa forma. Foto: Reprodução/Internet

Não lembro de Ronaldo ter se dirigido a algum alvo específico, para destilar algum tipo de ressentimento.

O cara só queria mesmo era ir na rede.

Ronaldo comemora gol na Copa de 2002. Foto: Reprodução/Internet

O que falar do maior de todos.

Um soco no ar espontâneo.

De alegria.

De gratidão.

De simplicidade.

Pelé.

Genial.

Exemplar.

Pelé comemora gol na Copa de 70. Foto: Lemyr Martins

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