A empresa Multiplus Assessoria Ltda, de Blumenau, está sendo acusada de fraude contra investidores da cidade. Conforme apurado pelo Portal Alexandre José, a empresa teria perdido mais de R$ 60 milhões de clientes em investimentos na bolsa de valores e fraudado extratos para encobrir o prejuízo. A estimativa é de que aproximadamente 270 pessoas tenham sido lesadas.
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Conforme o advogado Pedro Cascaes Neto, que representa um grupo de investidores lesados pela empresa, a Multiplus recomendava que as pessoas tirassem suas economias dos bancos e poupanças e as depositassem na empresa, que por sua vez investiria o valor na bolsa de valores. Segundo a empresa, assim os clientes “teriam rendimentos muito maiores que o mercado tradicional”.
“Eles mostravam índices, telas, e deixavam a entender que tudo estava devidamente regularizado”, explica Neto. “Muitos empresários, médicos, advogados e contadores da cidade acreditaram neles e transferiram suas economias para a Múltiplus. Para a surpresa deles, tudo não passava de uma grande fraude. As telas apresentadas não eram reais, os extratos eram fraudados, e o dinheiro deles sumiu”.
Conforme Neto, estima-se um prejuízo de R$ 80 milhões. “Imagine o rombo para a sociedade, o quanto isso significa para Blumenau, que é uma cidade de médio porte”, afirma Neto. “Se trata da economia de muitas famílias, que economizaram a vida toda, mas acreditaram na empresa e caíram em uma verdadeira fraude”.
Ainda segundo o advogado, mais de 200 investidores teriam sido lesados pela empresa. Muitos destes procuraram o escritório de Neto e seus associados, que já ingressou com as demandas jurídicas cabíveis, buscando, assim, “resguardar o direito dos clientes”. “A recomendação é para que as pessoas lesadas procurem seus advogados de confiança e tomem as medidas cabíveis”, disse Neto.
O processo tramita em segredo de Justiça, uma vez que envolve dados bancários dos envolvidos.
Versão da empresa
A reportagem entrou em contato com os sócios-proprietários da Multiplus, Bruno Lippel e Ingomar Mueller. Dos dois, apenas Bruno retornou às chamadas. Questionado, ele confirmou a situação e afirmou que o prejuízo foi causado por Ingomar. “Sou sócio da empresa, fui enganado e tenho essa responsabilidade”, disse.
Segundo Bruno, Ingomar fraudava os relatórios de operações diárias. “Se perdíamos R$ 4 milhões no dia, ele alterava o valor e colocava um ganho de R$ 2 milhões. Ou seja, uma diferença de R$ 6 milhões no caixa”, explica Bruno. “Dos R$ 67 milhões que deveríamos ter na conta na sexta-feira (12), tínhamos apenas R$ 4 milhões”.
Bruno explicou ainda que as perdas são naturais em investimentos de alto risco. O problema, porém, está na fraude dos balanços. “Se a gente faz uma besteira e perde 10% do valor, a gente senta e conversa com o cliente, justifica e diz que ainda temos 90% das suas economias para trabalhar, caso ele queira. O erro foi fraudar os relatórios”.
Por fim, Bruno disse que Ingomar “confessou a participação única” nas fraudes e planejava se manifestar sobre o assunto em um comunicado oficial, mas recuou após sofrer ameaças de clientes lesados. “Em uma reunião realizada hoje (quinta-feira), ele disse que só irá falar no depoimento à Polícia Federal”, afirmou.
Procurado, Ingomar não retornou à reportagem até o fechamento desta matéria.
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