Na última coluna destaquei o momento difícil do Blumenau Futsal.
Que na Liga Nacional, dos 22 representantes, é o que tem a pior campanha.
Já no Campeonato Catarinense está na 8ª colocação entre os 10 participantes.
De qualquer maneira desconheço cidade no Brasil, que guardadas as devidas proporções territoriais, revele mais talentos na modalidade do que a nossa.
É absurda a quantidade de moleques que arrebentaram e continuam despontando nas escolinhas.
Desde os tempos da Hering.
Passando mais recentemente pelo Esporte Futuro.
Que nasceu depois da desativação repentina da estrutura de formação e competição, que existia no bairro Água Verde, em dezembro de 2019 (os pais ficaram sabendo do fim das atividades no grupo de WhatsApp).
Boa parte dos meninos seguiu o caminho dos professores Valmir Serpa e Leticia Silva que recomeçaram os treinos em janeiro de 2020, com muitas dificuldades, primeiramente na Associação de Moradores do Badenfurt.
Tudo agora se concentra no Vasto Verde.
A ideologia já estava concebida, independentemente do local.
Os resultados vieram naturalmente.
Ao seu tempo.
O Esporte Futuro se tornou campeão estadual sub-15.
Na mesma categoria foi campeão do Grand Prix.
E ainda vice-campeão da Copa Catarinense.
Valmor Serpa sempre teve o sonho de implantar um projeto de futsal em uma cidade da região.
A Associação Timbó de Esporte e Cultura, criada em 2018, abraçou a ideia.
Lá também há motivos para comemorar.
O sub-17 ganhou o estadual Sub-17.
E terminou a Taça Brasil de Clubes, em Belo Horizonte, em 3º lugar.
Temos, claro, as potências Apama e Spaca Blu.
Que vira e mexe abocanham taças.
As façanhas mais recentes da Spaca, que tem sede no CSU Fortaleza, foram os títulos do Grand Prix, disputado em Curitiba, nas categorias sub-8 e sub-10.
Ainda faturaram esse ano a Copa Catarinense sub-8.
A Apama não fica atrás.
Com estrutura superior instalada no CSU Garcia, segue disputando jogos decisivos com frequência.
E levantando canecos.
Como os dois da Copa Catarinense.
No sub-12 e no sub-17.
A propósito, o último título estadual de Blumenau no sub-17 foi com a Apama, em 2017.
Bom lembrar que em 2009 foi formada uma geração muito talentosa.
Campeã catarinense sub-17.
E vice estadual sub-20 com essa mesma equipe sub-17.
Em 2010, após parceria com a Hering, foi finalmente campeã estadual sub-20.
O projeto durou um ano.
Não por acaso que os melhores resultados de Blumenau na Liga Nacional foram alcançados em 2013 e 2014 na AD Hering quase sempre lotada.
O Trabalho executado lá atrás por Jorge Schwartz (Hering), e ainda hoje por Reginaldo de Souza (Apama), Orlando Machado (Spaca) e Valmir Serpa (Esporte Futuro) – e de todos os seus auxiliares – é brilhante.
Junto de pais e parceiros que seguram a onda no dia a dia.
Ao menos até determinada idade.
Pois o jovem ou segue no futsal ou opta por trabalhar – ou tenta fazer os dois.
Por falta de sequência e chances em um time do nível que está acostumado .
É um momento crítico.
Esporte de alto rendimento é caro.
Mesmo na base.
A falta de recursos é o principal fator para a cidade não ter sub-20.
Desde que foi fundado, em 2017, o Blumenau Futsal sonha em colocá-lo em prática.
Mas não consegue.
Joaçaba e Tubarão, os outros catarinenses que participam da Liga, também não têm equipes nessa categoria.
Concórdia tinha até o ano passado.
O técnico Xande Melo citava com frequência a importância de preencher essa lacuna.
Sempre faltou dinheiro.
De acordo com o presidente Alexandre Jahn, o custo para montar um grupo, para participar do estadual e se manter na ativa, até para dar sustentação ao grupo adulto, custa entre R$ 15 e R$ 20 mil.
O campeonato sub-20 tem oito equipes na disputa, duas da região: Ascurra e Rodeio.
Não causa nenhuma surpresa que Joinville (com sobras) e Jaraguá sejam os primeiros colocados, como aponta a classificação.
Nem todo atleta consegue se adaptar e render o que sabe ao estourar os 17 anos e saltar direto para o adulto.
Paciência e resultados positivos ajudam no processo.
Agora, ser inserido direto na cova dos leões – Liga Nacional – em um time que vem tomando porrada de todo mundo, só vai prejudicá-lo – por mais que tenha qualidade e a experiência de estar jogando contra timaços cheio de estrelas seja especial.
Geralmente é uma etapa que se pula.
Que se queima.
Joinville é o espelho a ser seguido.
Lógico que o orçamento é altíssimo.
Mesmo assim, muito do sucesso do elenco de cima conta com o auxílio da base, que quando chamado dá sustentabilidade com vários atletas.
Este fato ficou ainda mais evidente na última temporada.
O JEC conquistou o Campeonato Catarinense nas categorias sub-20 e sub-17, além da Taça Brasil sub-17.
Desde 2010, apenas uma vez não chegou nas fases decisivas da competição.
Neste tempo, já soma quatro títulos no sub-20: 2011, 2015, 2017 e 2021.
Em maio deste ano, o JEC foi campeão invicto da Etapa Nacional da Copa do Mundo de Futsal sub-21.
Na final, superou o Corinthians, atual bicampeão, pelo placar de 6 a 5.
Na decisão da etapa mundial, em Paranaguá PR, perdeu para o Barcelona por 3 x 2.
Ainda somos modelo na geração de atletas.
Além de um grande exportador de craques.
E anônimos.