Indaial.
Estádio Ervin Blease.
Blumenau 0 x 0 Atlético Tubarão.
Renda: R$ 5.780,00
Público: 342

Ibirama.
Estádio Genésio Ayres Marchetti.
Metropolitano 0 x 0 Nação.
Renda: R$ 4.510,00
Público: 209

Não é só no futebol de Blumenau que se paga para jogar.
Modalidades de alto rendimento também sofrem.
Como é o caso do basquete feminino.
Que está representando a cidade – pelo sexto ano seguido – na Liga Nacional.
Atual vice-campeã – perdeu a final ano passado para o Ituano SP.

Temos a equivocada visão de que apenas o futebol se tornou um produto caro.
O basquete só não agoniza porque é organizado.
Se dependesse da bilheteria já teria quebrado.
O número de expectadores na 1ª fase é broxante.
Jogos disputados na nossa principal e mais bem centralizada praça esportiva.
Ingresso com preço único de R$ 10.

O público no Galegão nos nove jogos foi esse:
Blumenau 72 x 77 Araraquara SP- 297
Blumenau 99 x 72 Catanduva SP- 175
Blumenau 71 x 55 LSB RJ- 182
Blumenau 83 x 80 Santo André SP- 245
Blumenau 65 x 90 Campinas SP- 357
Blumenau 72 x 59 Sport PE. 112
Blumenau 79 x 91 Sampaio MA- 187
Blumenau 65 x 64 Ituano SP- 145
Blumenau 81 x 39 Sorocaba SP- 117
Média de pouco mais de 200 pessoas por partida.
Para ver um time na elite, o suprassumo da modalidade no país.

Não custa lembrar que nessa estatística estão inseridas diversas cortesias para colaboradores, patrocinadores, parceiros, Imprensa, políticos…
Mais gente entra de graça do que paga.
Imagina se fosse no Sesi…

A conta fica no vermelho, obviamente.
Prejuízo, contudo, que é coberto, pela eficiente administração da Associação de Pais e Amigos do Basquete Feminino (BFB).
Bem diferente do que estamos acostumados a ver no futebol.
Onde dirigentes tiram dinheiro do bolso (ressarcidos logicamente em algum momento).

Receita que vem dos patrocinadores.
E dos eventos realizados na temporada.
Como o pedágio.
Que arrecadou R$ 10 mil ano passado.
Agora em julho está prevista uma nova mobilização.

A churrascada.
Na primeira e única ação realizada em 2019 foram levantados R$ 8 mil.
Em outubro deve ser feito outro encontro.

E especialmente a feijoada.
Na 8ª edição, mês passado no Vasto Verde, foram vendidos 1009 pratos.
Lucro de R$ 26.341,04.

Prestação de contas.
A tal transparência que cobrei na última coluna.
Que muitos clubes não se prestam ao trabalho de divulgar.

Todo mundo pega junto.
Isso auxilia bastante na contabilidade.
Quem comandou a feijoada, por exemplo, foi Ivo Rodrigues.
Pai da técnica do time adulto Bruna Rodrigues.

A renda de um jogo no Galegão não cobre 1/3 das despesas.
Cada clube que participa da Liga Nacional precisa desembolsar uma taxa de R$ 6 mil.
Para ter os benefícios nas viagens é necessário pagar R$ 4 mil ao Comitê Brasileiro de Clubes (CBC).
Isso ajuda demais – uma ida para o Maranhão não sai por menos de R$ 50 mil.
Valor que cobre transporte aéreo e hospedagem (a alimentação é por conta da delegação).
As vantagens aumentam com a fidelização.
Com o tempo, os uniformes são por conta do CBC.
A comissão técnica é bancada pela instituição.
Uma filiação, digamos, obrigatória.

A arbitragem e o deslocamento, tomando Navegantes como base, são de responsabilidade do clube mandante.
Dá algo em torno de R$ 3.500
Tem ainda os oficiais de mesa, filmagem, ambulância, equipe médica, gelo, água, eletricista de plantão…
Adicione mais uns R$ 3.000.
Um jogo consome R$ 7 mil.

Só não fica mais encarecido porque existem permutas.
Como a segurança a cargo da Vigifort, que cobra uma taxa simbólica para cada um dos seis seguranças exigidos – a empresa também fornece duas faxineiras.
A sonorização é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Esporte.
Toda a estrutura do ginásio é cedida pela Vila Germânica.
Como o Sebastião Cruz pertence ao município, o aluguel não é cobrado.

Vale ressaltar que a prefeitura é a maior patrocinadora do basquete feminino.
Junto com a Federação Catarinense de Basquete.
E a UniSociesc, a cotista master, que oferece as bolsas de estudos.
Incluída no salário das atletas.
Faz muita diferença na hora de fechar o contrato.
Nomes de peso no cenário nacional estão ou já estiveram por aqui muito por causa desse processo de negociação.

A engrenagem não funcionaria sem a paixão voluntária dos pais.
Luciano Carlos, diretor de Comunicação, é mestre de cerimônias nos jogos.
Vitor Bett, vice-presidente, é fotógrafo.
Péricles Espindola, o presidente, é o coordenador geral nos eventos.
Quem faz o papel da mascote é uma mãe da associação.
Outros abnegados se revezam na bilheteria, no estacionamento, no bar…
Tem de tirar o chapéu.
Aplaudir.
Saciar esse momento de união e entrega cada vez mais raro.

A pandemia desestimulou muita gente.
O próprio BFB perdeu integrantes.
Filhas pararam de jogar e naturalmente os pais não continuaram ativos.
No fim, a boa e velha guarda faz o basquete feminino, o maior campeão catarinense da história e único representante do sul do Brasil na Liga Nacional, sobreviver.
Com dignidade.
Mesmo com o pouco reconhecimento do público blumenauense.
Que parece se encantar apenas com o voleibol masculino – tem todos os méritos.
O futsal masculino é um case de sucesso à parte.
Desde sua primeira participação nacional, em 2017, nunca tivemos mais do que 850 pagantes em um jogo de basquete.

As meninas (todos os envolvidos) merecem muito mais apoio.
Vem aí os playoffs da Liga.
Em breve vai ser construído bem ao lado do ginásio, no estacionamento, o Centro de Convenções.
Aproveitem o Galegão.

E o próprio time.
Enquanto ainda existe tempo.
