Por Luiz Guilherme Hostert Pereira
Publicado em 1991 por Bret Easton Ellis, o livro “American Psycho” chegou ao mundo acompanhado de polêmicas. Seu conteúdo sexual e violento altamente descritivo e explícito ocasionou no banimento ou censura da obra em diversas regiões, além da revolta de inúmeras organizações e personalidades tradicionais.
Com isso, uma adaptação para o cinema da história parecia improvável de ser aprovada, mas no ano de 2000 ocorreu exatamente isso com o lançamento do filme “Psicopata Americano”. Dirigido por Mary Harron e estrelado por ninguém menos que Christian Bale, que mais tarde interpretaria o Batman nas telonas e ganharia o Óscar em 2011 por “The Fighter”. Apesar de seu extenso currículo, sua performance do filme de 2000 é frequentemente citada como uma de suas melhores.
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“American Psycho” acompanha Patrick Bateman, um homem de negócios de Nova York vivendo o “Sonho Americano”, com sua linda noiva, sua aparência bem cuidada e um emprego de sucesso em “Wall Street”. O humor ácido do filme, porém desmascara a toxidade da classe alta e nos obriga a refletir a respeito do modelo de sucesso e felicidade implantado pela sociedade e se este é realmente válido. Os crimes bárbaros cometidos pelo protagonista adicionam um tempero intrigante em meio a elaborada crítica ao consumismo e modelo capitalista.
É interessante notar que, ao longo das últimas décadas “American Psycho” ganhou muitos fãs que admiram Patrick por sua determinação e frieza. Ao analisar o filme, porém, fica claro que o personagem é extremamente inseguro e cujos frutos de seu sucesso são derivados de uma juventude privilegiada sem a quão este homem cego pelo consumismo e pelas drogas jamais atingiria.
O olhar da obra sobre a misoginia no meio masculino é, assim como o restante do roteiro, extremamente atual. Sem dúvidas Psicopata Americano é um filme que só fica mais interessante a cada ano que se passa e um elemento chave para discutir o mundo contemporâneo.
É fácil fazer uma comparação com outra película de grande impacto lançada treze anos depois que alega criticar os mesmos comportamentos sistemáticos: “O lobo de Wall Street”. Devo dizer, porém que o primeiro faz um trabalho muito superior ao evitar glamourizar os aspectos fúteis que diz criticar, o que não pode ser dito da obra de Scorsese.
NOTA: 5,0/5,0