Torço para o Fluminense Football Club desde quando me conheço por gente.
Fatos e fotos comprovam o tamanho da paixão.
Genética.
Hereditária.
Meu pai foi um tricolor ferrenho.

Assim como meu tio.
Em um aniversário surpresa preparado pela família, o tema da festa, claro, foi o Fluzão.
Imagina a emoção do seu Lica!

Como moramos juntos no bairro Água Verde por um tempo, até vagar uma casa na mesma rua, respirei essa atmosfera verde, branca e grená.
Naturalmente Julio, meu primo, e meu irmão mais novo Jeferson, se tornaram Fluminense.
Meu mano mais velho, Denilson não sei porque cargas d’água (talvez influenciado pelo título mundial de 1981), contrariou a lógica.
Virou rubro-negro.
O que não causa tanta surpresa.
Em muitos lares existe, de uma forma ou de outra, algum tipo de divisão.
Embora a maioria siga a regra (e a pressão) clubística.
Não custa lembrar que a metade de nossa personalidade é herdada.

Aqui em Blumenau, a maioria esmagadora tem um segundo time do coração (ou um primeiro).
Nossa região é atípica.
Vira e mexe quando participo aos sábados do programa Clube da Bola na NDTV, tento explicar que a prioridade dos torcedores é outra.
Por razões óbvias.

Ao mesmo tempo, por mais que alguém priorize sua isenção, parece ser um crime jornalista/radialista ser torcedor de A ou B.
Se faz média e escancara sua predileção é adulado.
Se mostra profissionalismo e imparcialidade dos dois lados (mesmo com o passado atrelado a uma dessas equipes), é exaltado por poucos, massacrado por muitos.
O inusitado é que quando um colega ergue uma bandeira política ou até mesmo é filiado a algum partido, não sofre a mesma perseguição.
Geralmente tem a cumplicidade e a benção da maioria.
Além das benesses que a confortável parcialidade lhe proporciona.

Em agosto de 1980 assisti pela primeira vez um jogo de futebol profissional em um estádio.
Foi no velho Deba lotado.
Blumenau 1 x 0 Joaçaba.
Fiquei encantado com aquele ambiente.
Tanto é que após esse dia coloquei na cabeça que queria ser jogador de futebol.
Não deu.

Passei a acompanhar o Blumenau com frequência em 1988 e 1989.
Evidente que virei torcedor, afinal era o único time que existia na época.
Fosse o Metropolitano no lugar do BEC, ou qualquer um, nas mesmas circunstâncias, não seria diferente.
Em 1990 entrei para o rádio.
Meta:
Razão acima da emoção.
Acredito que nessa trajetória (que inclui a chegada do Metrô em 2002) consegui meu objetivo.
Quando me perguntam para quem eu torço, respondo sem vacilar:
Para os dois.

Relembro essa história já contada para alguns parceiros na comunicação porque o artigo de Rodrigo Capelo no jornal O Globo acabou repercutindo.
O jornalista declarou seu amor ao Vasco da Gama.
Estava agoniado, angustiado.
Tirou um peso enorme da consciência e do coração.
Claro que a pegada no Rio de Janeiro é outra.
Nem dá para comparar.
No entanto, a revelação, oculta por tempos, parece ter se tornado um bálsamo para a sua alma e profissão.

As pessoas tendem a ser mais felizes sendo agentes da sua história.
Por isso “sou tricolor de coração, sou do clube tantas vezes campeão”…