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Trânsito: as mil caras da violência e outros crimes no trânsito, por Márcia Pontes

O assassinato da Deniza Soares Kukul, de apenas 29 anos, que deixa órfã uma filha, mostra que a violência no trânsito não é feita só de colisões, saídas de pista, capotamentos e tombamentos. A violência no trânsito pode ser potencializada por brigas, discussões, ira e covardia. Assim como a mãe da Bianca viu a filha ser morta diante de seus olhos, essa também passou a ser a dor da mãe da Deniza. Bebida e direção também vão tomando novas formas para além do tipo de direção praticada pelo motorista. Disso derivam outras formas de violência que passam pelo trânsito.

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Deniza estava dirigindo e discutindo com o autor do crime que a atacou covardemente, cortando seu pescoço com um canivete. Em outros casos já divulgados em reportagens já se soube de colisões em poste provocados por briga de casal, assim como capotamentos provocados pelos caronas que puxaram o freio de mão com o veículo em movimento em meio a brigas e discussões.

O maior risco de um motorista alcoolizado não é só de provocar colisões que resultam em sequelas graves e mortes, mas as agressões de que são capazes enquanto dirigem. Nessas duas décadas ensinando mulheres a superar o medo de dirigir, as histórias são muitas e se multiplicam.

Quando perguntadas porque querem tanto dirigir muitas disparam: “porque senão o meu marido mata a gente dirigindo bêbado.” As narrativas se alongam: maridos que dirigem embriagados e discutem com as esposas, gritam com os filhos que choram assustados e até viram o corpo para trás para tentar acertar um cascudo na criança.

São mulheres que vivem assustadas, que quase foram vítimas de acidentes gravíssimos pelo comportamento agressivo dos maridos somado à álcool e direção.

Raiva que cega

Sim, a raiva cega! Pessoas com o estado emocional abalado não deveriam nem chegar perto de um veículo, quem dirá dirigir! A memória de trabalho para conduzir fica ocupada pela agressividade e a primeira coisa que vai embora é a atenção; a pessoa não se concentra, não enxerga todos os estímulos do ambiente que podem interferir na condução segura.

Murros no volante e aceleradas bruscas são típicas de motoristas deste tipo. Ultrapassagens proibidas, alta velocidade de quem tenta descontar a raiva nos pedais e até tirar fina de postes e outros obstáculos.

Uma aluna chegou a contar que o marido a ameaçava de morte com o carro dizendo que ia matar a todos, que não aguentava mais e que iria acabar com a história enfiando o carro no poste ou na barranca do rio.

Álcool e direção nem sempre causam só colisões em obstáculos físicos. O estado emocional do motorista é determinante para a segurança de todos, inclusive de quem não está dentro do veículo. O problema é de grande complexidade e muito mais comum do que se pensa!

Se você for o motorista evite dirigir com o estado emocional abalado, e se você for o passageiro evite embarcar com um motorista alterado.

Não é de hoje que a Psicologia vem demonstrando que a agressividade está associada ao ato de dirigir seja como válvula de escape, para compensar sentimentos de inferioridade, dentre outras manifestações dos traços de personalidade e desvios de comportamento que geram mais violência ainda!

Assim como o ladrão foge pelo trânsito dando continuidade a outros crimes, o estado emocional das pessoas pode gerar ainda mais violência.

Texto escrito por MÁRCIA PONTES

Márcia Pontes é escritora, colunista e digital influencer no segmento de formação de condutores, com três livros publicados. Graduada em Segurança no Trânsito pela Unisul, especialista em Direito de Trânsito pela Escola Superior Verbo Jurídico, especialista em Planejamento e Gestão do Trânsito pela Unicesumar. Consultora em projetos de segurança no trânsito e professora de condutas preventivas no trânsito. Vencedora do Prêmio Denatran 2013 na categoria Cidadania e vencedora do Prêmio Fenabrave 2016 em duas categorias.

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