“Passar por isso não estava em nenhum momento nos meus planos. É um momento de repensar as atitudes. Assumimos o clube no início do ano. Não venho aqui transferir desculpas, pois sabíamos o que a gente iria enfrentar. Eu assumi o clube porque o Rampinelli assumiu junto. Olhando para trás, há quatro meses, não tinha ninguém para tocar o clube. Fomos corajosos e corremos o risco pensando em reerguer o Criciúma. Ao Conselho de Administração coloco meu cargo à disposição, pois até aqui fracassamos no futebol”.
“Não estamos envergonhados, pois fizemos com muita dedicação. Eu perco e sinto de duas formas: como presidente e também como grande torcedor que sempre fui. Eu diria que é o dia mais triste da minha vida (chorando)”.
Anselmo Freitas, presidente do Criciúma.
“Infelizmente, não tivemos capacidade de fazer uma equipe forte. O grande culpado disso tudo sou eu. Eu sou o diretor de futebol, todas as contratações passaram por mim. No futebol, quem manda o diretor de futebol para casa é o resultado”.
“Vai ficar marcado na minha história que eu coloquei o Criciúma na Série B do Catarinense, assim como os títulos que tivemos aqui. Eu peço perdão aos torcedores, ao presidente, ao Conselho, aos funcionários, a todos, pois não tem mais como eu continuar como diretor de futebol do Criciúma”.
Valdeci Rampinelli, diretor de Futebol do Criciúma.
“É um momento muito difícil de falar. Essa tristeza é geral, a minha então acredito que é até maior porque é realmente um momento difícil, mas eu quero dizer que eu continuo em Criciúma, eu continuo no mesmo lugar, eu continuo sempre à disposição. Se tem uma coisa que eu não vou fazer é me esconder de ninguém. Porque uma coisa que eu aprendi é ter responsabilidade”.
Wilsão, técnico do Criciúma
Humildade, transparência, coragem e comprometimento em depoimentos do presidente, do diretor de Futebol e do treinador (junto com seu auxiliar), registrados na noite de quarta-feira (22), logo após o rebaixamento inédito do Criciúma Esporte Clube para a segunda divisão estadual.
Entrevista coletiva que foi “interrompida” porque os dirigentes fizeram questão de prestar esclarecimentos.
Respeito aos torcedores, patrocinadores, colaboradores e profissionais da Imprensa, como pode conferido aqui.
Vejam a diferença no tratamento.
Nenhuma nota.
Nenhum pronunciamento oficial.
No grupo de WhatsApp criado com a finalidade de informar o dia a dia do clube, o único que deu a cara para bater, lá mesmo na Arena Condá, foi o técnico Paulo Massaro.
Tentei contextualizar o tema com o presidente e com o gestor.
Com André Santos até consegui um depoimento.
Tive o auxílio da produção do Clube da Bola da NDTV Record TV, que fez o contato na quinta-feira (22), e recebeu o vídeo na manhã deste sábado (24).
Assunto que foi bastante explorado no programa de hoje.
O empresário foi ponderado nas palavras, falou em erros e acertos.
Está disposto a conversar, não descartou a continuidade do projeto (o contrato vence em junho).
Mas voltou a cutucar a indecisão do clube na escolha do presidente, em dezembro, quando supostamente já teria uma base pronta para começar os trabalhos no início do ano.
No caso do presidente, o máximo que consegui extrair do monossilábico Valdair Matias foi a conversa que segue.
– Os jogadores começam a ser liberados?
“Assim que a AS27 for informando, vamos liberando”.
– A parceria vai continuar?
“Ainda não conversamos sobre o assunto”.
Consegue gravar na sexta-feira de manhã?
“Não vou estar em Blumenau. Só na semana que vem”.
– O clube vai se pronunciar sobre o rebaixamento?
Silêncio.
Esperei até o final da tarde para publicar esse material.
O time caiu três vezes em um período de cinco anos- 2017, 2019, 2021.
Mas a sutileza não muda.
A culpa não é de uma única pessoa.
Criou-se um padrão.
Uma postura desnecessária.
Que coloca parceiros que apoiam o clube, injustamente, em um mesmo patamar de frieza e desinteresse.
Indiferença que incomoda e aumenta o descrédito e a antipatia junto ao torcedor.
É ele que se associa, compra camisa, paga a assinatura do pay-per-view, deixa a família de lado, vai ao bar com os parceiros para assistir o jogo, arruma encrenca, briga, xinga, é zoado, sofre pelo time que ama.
No fim, é tratado como um Zé Ninguém.
Ou um Mané.
O termo mais conveniente (ou conivente) para esse momento.