Reportagem de Jamille Cardoso com produção de Diego Becker
Este ano, não teremos a realização da Oktoberfest. A maior festa alemã das Américas faz parte da história do povo de Blumenau. Está no calendário do blumenauense desde criança. Por isso, mesmo com o cancelamento do evento por conta da pandemia de Covid-19, a Oktober não vai passar em branco.
O clima alemão promete invadir as ruas da cidade a partir de hoje, de forma mais tímida (é verdade), nas decorações das lojas, restaurantes e bares da cidade. E o Portal Alexandre José preparou uma série de reportagens para manter viva essa tradição e registrar esse momento inédito.
A Oktoberfest é a festa mais importante de Blumenau e nunca deixará de existir. Está bem viva na memória e no dia a dia dos blumenauenses, que esperam o ano inteiro para participar das celebrações, dos desfiles, da história da Oktober. Nesta primeira matéria, você vai conferir como os grupos estão encarando essa realidade.
A tradição dos grupos de amigos
Os grupos que levam alegria a Rua XV de Novembro nos desfiles da Oktoberfest Blumenau não sabem viver sem uma aglomeração. Faz parte do ritual abraçar os amigos, chegar perto um do outro, dividir o caneco de chope. Este ano, nada disso será possível, mas, mesmo à distância, permanece a união das confrarias.
Se em 2020, eles não vão precisar se preocupar com a previsão do tempo, para saber se vai rolar o desfile ou não, em 2021 eles esperam compensar essa lacuna provocada pela pandemia. “Esperamos que ano que vem possamos desfilar em todos, sem rodízio de grupos”, declarou o coordenador do Schweinewagen, o Carro do Porco, Leonardo André de Souza.

O presidente do Wurstwagen, o Carro da Linguiça, Denny Mello, contou à equipe do Portal Alexandre José que desde o início da pandemia, em março, o grupo esperava um posicionamento das autoridades locais para passar aos integrantes. São 60 adultos e 20 crianças formam uma grande família, desfilando desde a Oktoberfest de 2006.
“Pretendemos fazer nosso tradicional carreteiro de linguiça no sistema drive-thru, para que todos os integrantes do grupo possam se manter protegidos perante a pandemia. A data será em novembro, ainda neste ano. A próxima edição será um sucesso e faremos de tudo para que isso aconteça”, afirmou Mello.

O Cucawagen, o Carro da Cuca, tinha grandes planos para a Oktoberfest 2020. O grupo iria lançar os novos trajes a serem usados pelos 38 integrantes. As cores seriam mantidas: o bege (remetendo à cor da massa de cuca) e o azul (em alusão à bandeira de Silésia, importante zona industrial dividida entre a Polônia, a República Tcheca e a Alemanha, onde supostamente surgiu a cuca de farofa.
Já os tecidos e os aviamentos seriam ainda mais sofisticados, como os trajes tipicamente alemães. “Não vai ter Oktober, mas vai ter cuca! A cuca faz parte das nossas melhores lembranças culinárias. Blumenauense que se preze tem uma Oma (avó) ou padaria craque no assunto”, disseo presidente do Cucawagen, Michel Schmitt.
Para celebrar o mês mais importante da história do grupo, o Carro da Cuca está produzindo um videoclipe da música oficial com todos os integrantes, cada um na sua casa. “A energia que levamos para a Rua XV será transmitida de forma on-line, da nossa casa, com muito carinho, para a casa de todos os Oktoberfesteiros”, adiantou Schmitt.
Para o ano que vem, o grupo promete alegria em dobro. “A Oktoberfest surgiu depois de um momento muito triste na história da Blumenau. Acreditamos que a edição de 2021 vai resgatar a essência da nossa festa, literalmente. Assim como as águas do Rio Itajaí-Açu subiram e baixaram, todo esse caos há de passar. Até lá, se cuidem. Por nós e por vocês”, finaliza Schmitt.

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