O assunto dominante ainda é a goleada sofrida pelo Flamengo.
Vai continuar rendendo.
Críticas, piadas e memes.
O troco dos rivais.
Um dia depois do outro.
Vou aproveitar o gancho.




Zoações à parte, ninguém gosta de ficar no banco ou ser reserva.
Nem em pelada.
Na patota, o cara sai para não enfartar, recupera o fôlego, e já fica agoniado para voltar.
Imagina jogador profissional!
A cabeça de Domènec Torrent já foi pedida em uma bandeja.
O espanhol está querendo dar chance para todo mundo.
Quer preservar clinicamente o atleta.
Jogador quer jogar.
O tal rodízio, acaba, de alguma maneira, com a meritocracia e a concorrência.
E diante da nossa cultura imediatista isso não tem como dar certo.
Requer tempo.
Paciência.
Tranquilidade para trabalhar.
Obviamente que ele – e ninguém – nunca conseguirá fazer isso no Flamengo.
Em nenhum clube brasileiro.

Falando em paz para exercer a profissão, a bola da vez é justamente Miguel Ángel Ramirez Medina, jovem técnico de 35 anos do Independiente Del Valle.
Muitos torcedores começaram a pedir sua contratação – não existe alguém mais resultadista do que torcedor.
Não é tão simples tirá-lo do Del Valle.
Essa reportagem explica bem os motivos.
A boa fase não é obra do acaso.
Existe todo um planejamento (sem pressa e pressão).
E muita grana envolvida.

O espanhol não fez o time jogar assim em um mês.
Primeiro treinou a base.
Subiu para o profissional antes da molecada.
Depois promoveu os jogadores que já conhecia.
Isso levou dois anos.
Dois anos!

Suponhamos que Ángel Ramírez venha trabalhar no Brasil.
Qual a chance de ter tempo para desenvolver o processo que construiu no Del Valle?
Em quantos dias seria massacrado por “inventar” e “não saber nada”?
O treinador está em um clube onde não há nenhuma cobrança externa, não há imprensa forte, e ainda tem pouca torcida.
Não dá para comparar com o Flamengo.
Em nada.
O ambiente interno é pesado, rachado, como se vê em reportagens como essa.

Fico imaginando como seria ter Jorge Sampaoli vivendo o dia-a-dia do clube.
É um sonho de muita gente.
O argentino tá tocando o terror no Atlético Mineiro.
A multa rescisória é de U$ 2,5 milhões.

Desde a retomada do campeonato equatoriano, em 15 de agosto, o Independiente fez 10 jogos com sete vitórias e três empates.
É preciso reconhecer o momento da equipe equatoriana.
Só que ninguém toma cinco (fora o baile) com tamanha passividade.
A acomodação e o desinteresse têm sido marca registrada desse Flamengo desde a final do Campeonato Carioca (com Jorge Jesus no comando).
Não dá para colocar toda a culpa no gringo.
Essa conta precisa ser dividida.