InícioSaúdeMPSC recomenda que Itajaí desista de utilizar ozonioterapia contra a Covid-19

MPSC recomenda que Itajaí desista de utilizar ozonioterapia contra a Covid-19

A segunda cidade com o maior número de mortes em decorrência da Covid-19 em Santa Catarina (107), Itajaí segue buscando alternativas para combater o avanço do coronavírus. Em declaração realizada nesta segunda-feira (3), o prefeito Volnei Morastoni (MDB) – que também atua como médico homeopata – afirmou que a cidade pretende adotar a aplicação de ozônio por via retal no tratamento de pacientes diagnosticados com coronavírus.

Proposta esta que não foi bem recebida pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Em documento encaminhado ao prefeito nesta terça-feira (4), a 13ª Promotoria de Justiça de Itajaí recomendou que o município não disponibilize o ozônio para tratar os pacientes com Covid-19 na rede pública. O prazo para acatar a recomendação é de 24 horas.

“O efeito da ozonioterapia em humanos infectados por coronavírus (Sars-Cov-2) é desconhecido e não deve ser recomendado como prática clínica ou fora do contexto de estudos clínicos”, apontou no documento o Promotor de Justiça Maury Roberto Viviani, citando nota técnica do Ministério da Saúde, na recomendação encaminhada ao prefeito Volnei Morastoni.

Opinião profissional

Itajaí já havia sido pioneira na região ao adotar a hidroxicloroquina e a ivermectina no tratamento de pessoas diagnosticadas ou sob suspeita de coronavírus. Além disso, o município também adotou o uso homeopático da cânfora como medicamento preventivo ao vírus. Os métodos, que não possuem eficácia comprovada contra a Covid-19, não trouxeram os resultados esperados pelo Poder Público e os números seguiram crescendo na cidade.

O mesmo deve se repetir com a ozonioterapia. Segundo médicos infectologistas ouvidos pelo Portal Alexandre José, não há embasamento científico que comprove a eficácia da nova “aposta” da Prefeitura de Itajaí contra o coronavírus.

“Não tem lógica ser aplicada uma terapia sem estudo científico nenhum”, destacou a médica infectologista Sabrina Sabino. “Até fiquei surpresa quando vi essa notícia, que já está sendo alvo de piada. Acho que é até sem graça, porque estamos falando de uma pandemia, uma doença grave, fatal, de origem sistêmica e que esta levando muitos pacientes a óbito”.

Médico responsável pelo serviço de Infectologia do Hospital Santa Catarina, em Blumenau, o doutor Amaury Mielle Filho compartilha a mesma opinião. Segundo ele, as pessoas estão buscando alternativas imediatas para um problema grave.

“O prefeito tem tentado trazer a experiência dele pessoal, sem nenhum fundamento científico, para uma experiência a nível populacional”, disse ele. “Obviamente está aproveitando seu cargo pra aplicar essa hipótese sem nenhum fundamento, comprovação, sem nenhum estudo, evidência. Ele coloca isso como uma verdade, como uma pessoa que tem uma autoridade”.

Segundo ele, as pessoas “obviamente estão buscando uma alternativa de tratamento que possa resolver o problema”. “Mas não existe medicação”, alertou. “E talvez não teremos um antiviral que funcione tão cedo. Ele teve um ideia e tenta plantar essa ideia. Isso já virou piada nacional, sujou a imagem do município, da região e do estado. Estamos vivendo uma fase extremamente delicada, onde qualquer assunto se torna uma verdade. É muito difícil pra gente que faz ciência e procura fazer uma medicina correta”.

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