A notícia que reverbera nesta sexta-feira (28) é a saída de Dorival Júnior no Athletico após seis jogos na Série A.
Cair treinador no futebol brasileiro é normal.
Anormal é demitir um profissional, qualquer que seja, rodado ou não, com apenas três partidas, de fato, em uma nova competição.
Dorival ficou afastado 10 dias por ter contraído coronavírus.
Não dirigiu o time em dois confrontos.
Voltou contra o São Paulo, perdeu o jogo, 1 x 0, e caiu.
Uma falta de respeito com um ser humano de 58 anos que ficou doente no local de trabalho, exercendo sua profissão.

Foram 18 confrontos entre Supercopa, Campeonato Paranaense, Libertadores e Campeonato Brasileiro.
Nove vitórias, três empates e seis derrotas.
Aproveitamento de 55%.
Oito meses de trabalho.
Para o nosso padrão até que durou bastante.
Recentemente foi campeão estadual.
Não bastou.

Quatro treinadores já perderam o emprego nessa arrancada do Brasileiro.
Pela ordem Eduardo Barroca (Coritiba), Ney Franco (Goiás), Daniel Paulista (Sport) e por fim, Dorival.

Independente da filosofia histórica de falta de continuidade e tempo para trabalhar, o que é bem interessante é o rejuvenescimento de treinadores no mercado – com 38 anos, Eduardo Barroca e Daniel Paulista fazem parte desta nova safra.
Eduardo Barros (35 anos) assumiu interinamente no Athletico.
É da base, já esteve à frente do elenco principal, em 2019, quando Tiago Nunes (outro jovem de apenas 40 anos) deixou o clube para acertar com o Corinthians.
Barros vai comandar o time contra o Bragantino, na próxima quarta-feira (2).
Precisa de uma vitória para continuar.
O problema é que a torcida não costuma valorizar prata da casa e geralmente exige um treinador com mais bagagem e títulos no currículo.
Thiago Largui, de 39 anos, assumiu o Goiás.
E Jair Ventura, de 41 anos, o Sport.

Ramon Menezes, 48 anos, é um grande exemplo dessa renovação na casamata.
Está dando certo, precisa de mais tempo, o campeonato é longo, mas já é possível ver uma equipe coesa, com uma cara, uma forma de jogar.
O torcedor vascaíno voltou a se animar.

Outra grande revelação é Umberto Louzer, de 40 anos.
Começou no Sub 20 do Paulista de Jundiaí SP em 2016.
A primeira chance profissional foi em 2018 no Guarani de Campinas, na Série B.
Passou por Vila Nova GO e Coritiba ano passado e foi demitido no meio do caminho.
Cheguei a comentar no último sábado (22) no Clube da Bola da NDTV Record que quando Louzer chegou na Chapecoense fui buscar auxílio no Google.
Ele arrumou a Chape na reta final do Campeonato Catarinense.
Chega forte para a decisão contra o Brusque.
E na noite de hoje vencia o líder Cuiabá MT, na Arena Pantanal, até os 47 minutos da etapa final, quando sofreu a virada, por 2 x 1.
A liderança foi perdida em três minutos.
Isso, contudo, não tira o mérito do seu desempenho à beira do campo.

E temos outros nomes que seguem a mesma linha.
Jerson Testoni do Brusque está com muita moral no Augusto Bauer.
Também só tem 40 anos.
Lembro dele na base e a primeira chance oficial (efetivado mesmo) após a saída de Waguinho Dias para o Criciúma.
Era auxiliar.
Foi boleiro.
Não inventou, manteve o feijão com arroz bem temperado, e ganhou o vestiário.

Quem chega agora é Elano Blumer, 39 anos.
O ex-volante do Santos assumiu o Figueirense, após a saída de Márcio Coelho (santo de casa).
Chegou nesta sexta (28).
E no sábado (29) já estreia contra o Confiança SE.
Como exigir mudanças logo de cara?
Como cobrar resultado?
Pode trazer treinador português, argentino, espanhol, uruguaio, inglês…
Essa mentalidade predatória é histórica.
