InícioOpiniãoPolítica: as boas notícias da quarentena, por Luiz Carlos Nemetz

Política: as boas notícias da quarentena, por Luiz Carlos Nemetz

Domingo passado (1º), após 10 semanas de rígida quarentena, comecei a relaxar cuidadosamente o meu isolamento social. Fazia um lindo dia de sol. Munidos das máscaras e das providências do devido afastamento pessoal, fui apresentar aos meus netos e netas a Prainha de Blumenau, que foi batizada pelo prefeito Renato Viana de Praça Juscelino Kubitschek de Oliveira, em homenagem a um dos grandes presidentes da nossa jovem República.

Contei a eles passagens da minha vida que aconteceram ali, onde na minha infância funcionava uma espécie de “quintal” da minha casa e das outras dezenas de crianças que viviam nas imediações daquela curva encantada do Rio Itajaí-Açu. Vivo no bairro Ponta Aguda há 60 anos. Disse-lhes que nos verões centenas de pessoas frequentavam o local com esteira, guarda-sol e cesta de piquenique. Que havia grande extensão de areia fina, e branca, e que as águas do rio eram claras e faziam a diversão dos banhistas.

Que todos os anos naquele local havia uma grande competição de pesca ao robalo, que atraía pescadores de várias regiões da cidade e mesmo do Estado. Depois, aconteceram festivais de motonáutica, o Skol Rock Festival com apresentações de grandes bandas e renomados artistas nos períodos de Oktoberfest. Foi instalada uma concha acústica onde aconteciam shows literomusicais. Contei-lhes sobre as brincadeiras de ladrão e polícia, as decidas da rampa com uma velha bicicleta monareta (eles não entenderam até agora o que era aquilo), da majestosa figueira que havia na chegada do local, com mais de 100 metros de altura, que os antigos contavam ter mais de cinco séculos de vida, que foi assassinada por uma família por não gostarem da sua sombra.

Falei que foi ali que os Mamonas Assassinas (que eles nunca haviam ouvido falar) fizeram o seu último show antes da tragédia com a queda do avião que os vitimou. Depois, enquanto ainda tinham paciência, contei-lhes das enchentes de 1983 e 1984 e de várias outras passagens épicas e lúdicas que vivi naquele que é o mais mágico e belo recanto da nossa cidade e do nosso Vale encantado.

Mostrei a “pedra da fome” que estava quase toda aparente em razão da prolongada estiagem, contando as polêmicas e incertezas da razão desse nome. Por fim, vieram as perguntas sobre o estado de abandono da praça, mas de forma unânime, sobre a “carcaça” do Vapor Blumenau. Então expliquei de forma resumida o que era aquele monumento e o seu valor. E que no ano 2000, como presidente do Instituto Bertha Blumenau, começamos um lindo restauro do barco, que foi entregue à cidade como um moderníssimo museu em 2002. E que depois daquilo, as gestões dos prefeitos João Paulo Kleinubing e Napoleão Bernardes deixaram o barco à deriva dos cuidados mínimos, permitindo que o monumento histórico se transformasse numa vergonhosa ruína.

Luiz Carlos Nemetz com a neta Maria Aurora, de 7 anos

Enquanto as crianças corriam extasiadas, assistia a meia dúzia de jovens com seus jet skis fazendo evoluções nas águas (um deles com um escandaloso e mal educado escapamento aberto, perturbando o sossego do centro inteiro). Refiz uma reflexão que me perturba a vida toda: como pode uma cidade com gente tão inteligente se edificar voltando as costas para um patrimônio natural tão lindo como é um rio?

Em qualquer outro lugar do mundo o rio seria o centro de todas as atenções e atividades. Mesmo sendo um rio rebelde como o nosso. Quando cheguei em casa, feliz por ter saído e triste pelo que vi, fiz uma pequena postagem crítica em minha página do Facebook. Segunda-feira (2) cedo, recebi pelo WhatsApp uma gentil resposta do prefeito Mário Hildebrand me informando que na sexta-feira (31/05) havia dado andamento ao contrato de revitalização da Prainha.

Fique muito feliz! A alegria aumentou ontem (5) quando li aqui no Portal do Alexandre José a notícia do início das obras de duplicação da ponte da Ponta Aguda, cuja movimentação pude perceber mais tarde, quando fui ao centro para ir à farmácia. Fim de uma grande de inútil polêmica de mais de 10 anos.

Sem muitos alardes, com discrição e sem sobressaltos, a atual administração está desempenhando muito bem o seu papel sob a liderança firme e pessoal do prefeito, que se faz presente e comanda a cidade. Para não passar em branco, é de se fazer o registro, ainda, do excelente trabalho feito no curso da pandemia, onde tudo foi conduzido com zelo, transparência e cautela. E de modo especial com dois setores do poder público dando um banho de competência: a Saúde e a Educação. O aplauso faz parte da cidadania.

Texto escrito por LUIZ CARLOS NEMETZ

Luiz Carlos Nemetz é sócio fundador da Nemetz, Kuhnen, Dalmarco & Pamplona Novaes Advocacia. Atua na Gestão Estratégica e nas áreas do Direito Médico e da Saúde, Direito de Família e Direito Empresarial.

Especialista em Economia e da Empresa (pós-graduação) pela Fundação Getúlio Vargas, habilitação para Docência, bacharel em Direito pela Universidade Regional de Blumenau na turma de 1983.

Professor concursado de Direito Processual Civil e Direito Econômico da Universidade Regional de Blumenau (FURB), onde atuou por 17 anos. Professor das cadeiras de Direito das Coisas e Direito Processual Civil, Execuções, pela Faculdade Bom Jesus de Blumenau (FAE), no ano de 2009.

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