Um projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) prevê o retorno gradual das aulas presenciais no estado a partir de junho. Segundo o autor do projeto, João Amin (PP), a Secretaria de Estado da Educação deverá determinar medidas que garantam a segurança dos alunos em meio à pandemia do coronavírus.
De acordo com o texto-base, que ainda não possui data para ser votado, o ensino infantil (crianças entre 0 e 5 anos) seria o primeiro a retornar, com as aulas presenciais sendo restabelecidas a partir do dia 1º de junho. Na sequência, estariam o ensino fundamental e médio (1 de julho) e as atividades do ensino superior, cursos técnicos e demais serviços educacionais (15 de julho).
Em entrevista coletiva realizada na noite desta segunda-feira (18), a Secretária de Educação de Blumenau, Patrícia Lueders, defendeu que o retorno das respectivas atividades ainda não é recomendável. Segundo ela, os 295 municípios do estado estão elaborando um carta onde manifestam “preocupação” com um retorno das atividades em junho.
“Acreditamos que essa decisão não cabe à Secretaria de Educação, muito menos à Assembleia Legislativa, e sim à Secretaria de Estado da Saúde”, afirmou. “É uma decisão científica, onde os técnicos da Saúde que têm que definir quando vamos retornar”.
Lueders também manifestou preocupação com o retorno das crianças com até 5 anos de idade a partir de junho. “Muito me preocupa o retorno com os pequenos. Como vamos fazer o distanciamento necessário?”, indagou. “Quando a Saúde der esse retorno com segurança, com certeza retornaremos com tranquilidade”.
Prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt acompanhou o receio da secretária. Segundo ele, é compreensível a necessidade da educação infantil para as famílias, uma vez que os pais contam com a presença das crianças nas escolas para poder trabalhar – mas a saúde deve ser considerada prioridade.
“Estendemos a necessidade, mas precisamos acompanhar essa situação para que a decisão seja tomada com responsabilidade, pelas vidas das nossas crianças”, disse. “Talvez, na sua grande maioria, essas crianças sejam assintomáticas, mas acabarão levando o vírus para dentro das suas casas, para os idosos, pais e outros familiares”.
Secretário Municipal de Saúde, o médico Winnetou Krambeck também se mostrou preocupado com a possibilidade. Segundo ele, as crianças desempenham um “efeito rebanho”, contaminando os adultos com quem têm contato próximo.
“Por isso as escolas foram paradas: porque as crianças são transmissoras do vírus”, explicou”. Precisamos ter todo o cuidado, porque as crianças são sim afetadas. Falamos muitos dos idosos, mas o jovem e as crianças também são afetadas, e muitas vezes transmitem o vírus para as pessoas com maior risco. Esse é um complicador”.
Blumenau conta atualmente com 514 casos confirmados de coronavírus, sendo a segunda cidade com o maior número de infectados em Santa Catarina. De acordo com a Secretaria de Saúde, 11 crianças com idade entre 0 e 9 anos já foram diagnosticadas com o vírus na cidade desde o início da pandemia.
O aumento nos casos diagnosticas em crianças foi tema de reportagem especial do Portal Alexandre José na última sexta-feira (15), com uma médica pediatra listando uma série de recomendações e alertas aos pais neste importante momento.
