Essa passa ser a pergunta que todos estamos nos fazendo. A pandemia da Covid-19 mexeu com a estrutura da organização social no mundo inteiro. Novos valores, novos comportamentos, novas plataformas de comunicação, de consumo, de relacionamentos. A frase que mais se ouve é: “O mundo não será mais o mesmo depois de 2020”.
De fato, estamos vivendo uma grande revolução cujos reflexos levaremos tempo para entender completamente. E só estamos no começo do processo. O impacto também será sentido nas estruturas da democracia. Alguns deles já se fazem notar, como por exemplo, o declínio da grande mídia e o seu poder de influência no comportamento das pessoas.
Quase ninguém mais lê jornal impresso. As emissoras de televisão sofrendo grande concorrência dos portais, dos influenciadores sociais e das plataformas digitais. O e-commerce ganhou bilhões de adeptos. Outros bilhões de pessoas tiveram que se educar em tempo recorde para aprender a usar essa nova linguagem digital, uma vez que não é mais possível viver somente no mundo analógico.
A comunicação na velocidade do pensamento, onde cada um pode ser um gerador de conteúdo. E, o conteúdo de qualidade, ganha relevância. A relevância gera autoridade. Isso está sendo revolucionário no processo político. E vai ter grande impacto daqui para frente nos sistemas eleitorais.
Nós, no Brasil, sentiremos essa metamorfose sócioantropológica já, posto que temos eleições municipais programadas para outubro deste ano. Poderemos, então, perceber como as coisas irão acontecer. Já vínhamos em pleno processo eleitoral, com muitos candidatos se movimentando, tanto aqueles que buscam concorrer aos cargos de prefeito, como os que pretendem a eleição para vereador.
Nas eleições de 2018, já tivemos uma amostra desta nova linguagem, onde a comunicação bem feita com o uso da mídias sociais foi de extrema influência nos resultados tanto no Brasil, como nos Estados. Parece claro, daí, que quem souber se comunicar manejando bem essas ferramentas, terá grande vantagem sobre os demais.
Isso acarreta uma sensível economia com os gastos de campanha e torna a disputa mais equilibrada, pois de agora em diante, ao que tudo indica, só dinheiro não elege mais ninguém. Outra dúvida que está no ar é se realmente teremos eleições ante as incertezas da duração da pandemia.
Ao que tudo indica sim. Mas, não está descartada, pelo menos por hora, a prorrogação dos mandatos ou mesmo o adiamento da votação para o mês de dezembro. A Covid-19 veio trazer só uma certeza: ninguém tem mais certeza de nada.

Luiz Carlos Nemetz é sócio fundador da Nemetz, Kuhnen, Dalmarco & Pamplona Novaes Advocacia. Atua na Gestão Estratégica e nas áreas do Direito Médico e da Saúde, Direito de Família e Direito Empresarial.
Especialista em Economia e da Empresa (pós-graduação) pela Fundação Getúlio Vargas, habilitação para Docência, bacharel em Direito pela Universidade Regional de Blumenau na turma de 1983.
Professor concursado de Direito Processual Civil e Direito Econômico da Universidade Regional de Blumenau (FURB), onde atuou por 17 anos. Professor das cadeiras de Direito das Coisas e Direito Processual Civil, Execuções, pela Faculdade Bom Jesus de Blumenau (FAE), no ano de 2009.