Eleito governador de Santa Catarina em 2018, como rabo de um foguete na esteira da onda 17, o governador Carlos Moisés está sendo só o que poderia ser: nada! Confirma a frase do Barão de Itararé, que diz: “De onde menos se espera, daí é que não sai nada.” Vaidoso, pequeno, entrou no governo com a notável insignificância com a qual governa. E só faz aprimorar sua total falta de capacidade para governar.
Isolado, se comporta como um reizinho encastelado no seu sonho de fadas. Da sua própria voz, o que se houve são canções em desalinho com a afinação, próprias de cantor de baiuca tosca tal qual “o bar do cupim”. Não recebe ninguém, não visita as regiões do Estado, não lidera e não governa. É o símbolo de uma catástrofe administrativa da qual uma imensa maioria de catarinenses é sócia pela ação do voto irresponsável. Não me incluo fora dessa.
Fosse só isso, um político e gestor minúsculo, diminuto, medíocre e vivendo no ostracismo no exercício do cargo, tudo bem. Mas seu governo, tal qual uma tainha enrolada na rede, se revela nocivo ao nosso Estado. Com postura diametralmente oposta ao seu homônimo o Moshe (aquele que foi retirado das águas), dono das mais lindas histórias do Velho Testamento (a divisão do Mar Vermelho, a entrega dos Dez Mandamentos, o maná no deserto), o nosso Moisés de araque afunda o seu governo e o nosso dinheiro em atividades suspeitas de gravíssimas irregularidades.
Primeiro foi a contratação para lá de obscura de uma agência de publicidade de um notável lobista e publicitário, que vive agarrado nas bolas do poder, por R$ 2,5 milhões, em plena pandemia. Depois foi a vergonhosa decretação do Estado de Calamidade Pública (para o fim de “facilitar as coisas”) que ao invés de prevenir o flagelo, se tornou o verdadeiro desastre, causando um estrago sem precedente na nossa história e ao erário. A contratação de um Hospital de Campanha pela absurda quantia de R$ 76 milhões, que foi revertida a tempo, somente depois do escândalo vir à tona e se tornar um clamor popular.
Agora, no curso desta semana, a impressionante história da compra de 200 respiradores para tratar pacientes da Covid-19 por R$ 33 milhões pagos antecipadamente para uma empresa da qual, tal como os versos de “Conceição” imortalizada na voz de Cauby Peixoto, “ninguém sabe, ninguém viu”! A “caca” boiou de vez depois do aparelhamento de uma Ação Popular aforada pelo deputado Bruno Souza (Novo), na qual a Justiça determinou o bloqueio das contas da empresa Veigamed Material Médico. Li a ação com os olhos de advogado. É um nocaute! A empresa, sob investigações, ao que tudo indica, está situada em instalações inferiores a de uma bodega.
A reação nos meios políticos e junto às redes sociais foi avassaladora. O bombeiro ateou fogo no Estado. Perante a classe médica e da saúde, o fato está sendo considerado um acinte imperdoável. E o governador se faz de tolo, como se não fosse com ele. Escutei uma entrevista contundente do ex-governador do Estado, ex-senador e ex-ministro Jorge Konder Bornhausen dada a uma rádio do Sul do Estado, na qual o “Kaiser” define o jogo. Avaliando o governo Moisés, disse que o governador (em quem declarou voto no 2º turno em 2018) errou ao se distanciar do presidente Bolsonaro e que “ele não conhece política e ainda vai ter que conhecer o Estado de Santa Catarina”. Penso comigo, que não vai dar tempo para fazer isso no exercício do mandato.
Na Alesc, está tudo caminhando para ser instalada uma CPI para apurar os fatos, já que tudo indica que a “grana” se foi e já era. Será a senha para revelar que o paciente – no caso Moisés – está na UTI com poucos sinais de melhora. Como consequência deste fato escandaloso, nesta quinta-feira (30) no final da tarde, o Governo soltou uma nota oficial comunicando a exoneração do Secretário de Saúde Helton Souza Zeferino, sem citar o escândalo. Como se nada estivesse acontecendo.
Intuo que o impeachment, dessa vez não somente é provável, como absolutamente possível. Até aliados mais chegados ao governador, que foram até aqui seus leais e aguerridos defensores, saltaram acertadamente da barca, a exemplo do deputado Ricardo Alba, o mais votado de Santa Catarina, que sentiu o cheiro da podridão e se afastou dela. Em política, como na vida, se pode gostar do defunto, mais ninguém quer ser leal a ponto de ser enterrado com ele.
Enquanto Moisés torra R$ 33 milhões do nosso suado dinheiro, a comunidade de Gaspar faz neste dia 1º de maio a “Live do Bem” para arrecadar recursos para manter aberto, com muito sacrifício, o Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Sinceramente? Moisés e seus não podem mais ficar com o manche na mão. Tem que ser defecados da vida pública, imediata e sumariamente! Deu para eles! E para nós, ficou uma lição: ainda temos que aprimorar o direito ao voto.
Para finalizar, ontem recebi pelo WhatsApp um vídeo da deputada Paulinha (PDT), líder do Governo na Assembleia, dizendo na maior cara de pau, com certo cinismo e sarcasmo, que “foi um erro” e que a “vida segue”. Olha, sempre aprendi que nunca se corre atrás de doido, pois nunca se sabe para onde ele vai. Essa gente precisa sair da fantasia embriagante do poder e entrar no dia a dia da vida real. Mas antes, precisam repor o erário e responder pelos seus atos! Fora, Moisés!

Luiz Carlos Nemetz é sócio fundador da Nemetz, Kuhnen, Dalmarco & Pamplona Novaes Advocacia. Atua na Gestão Estratégica e nas áreas do Direito Médico e da Saúde, Direito de Família e Direito Empresarial.
Especialista em Economia e da Empresa (pós-graduação) pela Fundação Getúlio Vargas, habilitação para Docência, bacharel em Direito pela Universidade Regional de Blumenau na turma de 1983.
Professor concursado de Direito Processual Civil e Direito Econômico da Universidade Regional de Blumenau (FURB), onde atuou por 17 anos. Professor das cadeiras de Direito das Coisas e Direito Processual Civil, Execuções, pela Faculdade Bom Jesus de Blumenau (FAE), no ano de 2009.