Desde a última quinta-feira (19), a pedido do Grupo NDTV, estou em casa.
Até hoje (20) estava cotada a exibição do Clube da Bola, programa estadual exibido todos os sábados em rede estadual, do qual faço parte.
Prioridade para as reportagens sobre cuidados e orientações que precisamos ter nesse momento.
Até porque todas as atividades esportivas foram suspensas/adiadas ou até finalizadas (como a Superliga B de vôlei).

Também dessa maneira, após acordo com Alexandre José, âncora do programa jornalístico Microfone Aberto da Massa FM, chegamos à conclusão, sensata, de que por ora, não havia necessidade de minha participação.
Isolado no apartamento com a esposa e os dois filhos, tento me adaptar e não enlouquecer.
Quase surtei no primeiro dia.

Há mais de três anos, a patroa trabalha em casa (a moda agora é home office).
De manhã se dedica às atividades como mãe. À tarde se transforma em jornalista, à noite, artesã.
Logo, tem mais jogo de cintura, e principalmente paciência para lidar com essa rotina diária.

Esse é o Tales.
Nosso moleque tem 1 ano 10 meses de idade.
Ficava até então, em tempo integral na escolinha.
Tá virado num furacão.
Essa bola gigante acima sendo chutada de um lado para outro enquanto escrevo esse texto é um bom teste de complacência.

Ele tá na fase de tomar suco e derramar a metade no chão.
Sujou? Limpou. Tem de aprender desde cedo.
Quando não conseguimos dar atenção, agradecemos pela existência da Peppa.
Aliás, sempre digo para a Roberta que meu sonho é ter a calma e a serenidade do Papai Pig.

A Taysa completou 7 anos agora em fevereiro.
Depois de muita avaliação decidimos lhe presentear com um smartphone.
O último.
Foi o que prometemos, já que conseguiu destruir os dois últimos tablets.
Especialistas (sempre acho que eles não têm filhos ou tem babás à disposição) condenam radicalmente o uso de celular nessa idade.
Eles têm suas razões. Em parte.
Limitamos o uso diário em 2h30.
Tem um aplicativo bacana.
Excedeu o tempo, o aparelho trava.
Para nossa agradável surpresa, Taysa tem passado essas horas estudando, online, com a melhor amiga, a Vitória, já que as duas frequentam a mesma sala.

Logo, esperta como é, pediu mais tempo de acesso.
Ganhou, lógico, a queda de braço.
Mereceu.
Trocas.
Nosso maior problema é combater o vício iminente.
Porque não adianta ter uma Smart TV em casa, pois o celular é mais legal.

Condeno qualquer tipo de piada e ironia quando estamos combatendo um assunto tão sério como esse.
Só que uma coisa é preciso concordar.
A convivência diária cansa, satura.
Estamos juntos por quase 12 anos.
Trabalhamos lado a lado na mesma empresa por 9 anos.
Eu mereço uma medalha.
Ela um troféu.
É preciso encontrar alternativas para fugir da mesmice.
Também não devemos mudar radicalmente alguns hábitos.

Esse cara fortão aí é o Sylvio Junior.
Me desafiou a fazer pelo menos uma aula por semana de musculação.
Dentro da minha histórica indisciplina até que estava indo bem.
Maldito vírus.
Naturalmente vou voltar (por ora) a ser um sedentário.

Participo do grupo de WhatsApp de uma academia que frequentei por três meses (!) no final de 2018.
Peguei férias na época e nunca mais voltei.
Coincidiu com uma lesão no tornozelo.
Disse ao professor para me excluir da turma.
Me manteve. Acredita no meu retorno.
E nesse mesmo grupo, o Rogério tem passado alguns exercícios para se fazer em casa.
Tem gente que consegue.
Eu, não.
Com a academia e a piscina do prédio fechadas e as escadas e as ruas vetadas, a tendência de engordamento é inevitável.

Estamos vivendo um acontecimento excepcional no qual esse retiro forçado pode servir de avaliação e sobretudo de valorização coletiva.
Como os encontros da patota de futebol ou de qualquer modalidade ou gênero.
Sempre considerei uma válvula de escape semanal.
A propósito, como é difícil reunir cerca de 15 a 20 seres humanos, e fazer entender o quão importante é essa convivência, durante e especialmente depois dos jogos.
Já não teve bola essa semana. Ninguém sabe quando terá novamente.
Na verdade, não sabemos nada sobre o dia de amanhã.

Como somos dependentes, nos resta esperar, valorizar as autoridades, profissionais da saúde, segurança, Imprensa, gente que está na linha de frente, brigando por nós.
Orar e deixar a poeira baixar.

Quem me conhece sabe como adoro receber casais de amigos aqui em casa.
E invariavelmente tem churrasco e cerveja.
O último deles, por coincidência, no sábado passado, foi com minha mãe, dona Irma e meu mano, Jeferson.
Daqui a pouco começam os trabalhos.
Não se trata de nenhum desrespeito.
Mas sim de agradecimento à vida.
E também porque ando estressado e assustado com tudo isso.

