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Caso Jaguar: acidente que resultou na morte de duas jovens completa 1 ano neste domingo

No dia que o acidente que resultou na morte de Amanda Grabner Zimmermann e Suelen Hedler da Silveira completa um ano, as famílias envolvidas nessa tragédia voltarão a se encontrar. Neste domingo (23), parentes e amigos das garotas vão se reunir em frente ao Fórum de Blumenau, às 10h, com roupas brancas, em uma manifestação pacífica, para pedir por Justiça.

Especial

A pedido do Portal Alexandre José, familiares das jovens que perderam a vida de forma tão repentina e precoce, escreveram um relato sobre o período que se passou, esse primeiro ano sem elas. A mãe de Amanda, Adriana Grabner, fala da dor que ainda sente todos os dias. A irmã de Suelen, Silvana Hedler Silveira, faz um desabafo e conta como tem sido a rotina da família, após a perda. Confira:  

Minha filha, há um ano recebi a pior notícia da minha vida, meu mundo desabou quando soube que você tinha partido em uma viagem sem retorno. Começou nesse instante um período de dor e profunda tristeza, que se estende até hoje. Já não me reconheço porque me falta a luz, a inspiração e toda força que encontrava em você.

Difícil acreditar que já se passou um ano desde o triste dia em que você se foi, pois a dor ainda é tão viva no meu coração. Você deixou muita saudade, lágrimas e um vazio irreparável. Apenas as lembranças que guardo de tudo que vivemos conseguem aquecer um pouco meu coração e me dar algum conforto.

Ninguém imagina o quanto custa para um pai ou uma mãe perder um filho. É o sentimento mais doloroso do universo, uma enorme sensação de impotência e revolta. É difícil carregar este fardo de saber que cuidei dela por 18 anos, mas não pude evitar que algo tão trágico acontecesse. Ela partiu cedo demais e eu farei o impossível para manter seu nome vivo neste mundo.

Ela tinha um dom muito especial, independentemente de como se sentisse, fazia de tudo para deixar um sorriso em quem estava à sua volta. E encantava sempre com sua simplicidade e sua forma pura de transmitir seus sentimentos.

Nunca mais serei quem eu era, tenho plena consciência disso, pois uma perda como a que sofri deixa marcas eternas no coração. Há dias em que tento erguer a cabeça, há outros em que simplesmente não consigo. Sentirei a falta da minha filha para todo o sempre.

Assinado: Adriana Grabner – mãe da Amanda

A dor da perda que não tem explicação, nem palavras para descrever os sentimentos e o nó na garganta. A falta de uma pessoa sem maldade alguma, uma pessoa maravilhosa, que contagiava a todos ao seu redor, de uma beleza exuberante. Uma pessoa responsável, sempre ajudando o próximo. Batalhava todos os dias: academia, trabalho e faculdade. Aproveitava seus finais de semana para se divertir. Estava aproveitando as férias do trabalho. Vinha de uma festa batendo uma foto, postando na sua rede no Instagram, foto do pôr do sol, pois ela amava sol, lua e mar, até que um bêbado vem e tira a vida dela, sem ela ter uma chance de sobreviver. Morreu ali mesma, presa no cinto de segurança.  

Era 6h quando recebi a ligação de minha irmã mais velha, Susana, que falava que a Su tinha sofrido um acidente de carro. Mas na hora pensei que ela tivesse apenas se machucado e que tudo ficaria bem. Tentei acalmar minha mãe e fiquei à espera de uma nova ligação. Agoniada com a situação, retornei a ligação. Foi quando meu cunhado Ricardo atendeu o telefone e me deu a pior notícia da minha vida, com a voz baixa ele respondeu: infelizmente a Suelen não resistiu. Foi onde joguei meu telefone longe e saiu o grito do desespero. Minha mãe, como mora do lado da minha casa, logo escutou e saiu correndo. Foi aí que nossa família ficou destruída pra sempre.

Suelen, carinhosamente chamada de Su, teve seus sonhos interrompidos por um bêbado, um irresponsável, uma pessoa sem sentimentos, que é o que vimos na cara desse sujeito que tirou a vida dela. Interrompeu sonhos e destruiu minha família pra sempre, porque nossos dias nunca mais foram os mesmos, nem nunca mais vão ser, sempre com os sentimentos da saudade que ela nos traz, que não tem tamanho. Cada detalhe, cada lugar, cada assunto, cada data. A falta dela está sempre ali, pra todo o sempre.

Em pensar que se esse ser irresponsável tirou a vida da minha irmã e está solto por aí, tendo com ele irmã, mãe ,pai, etc. Mas o que podemos fazer por ela agora é ir atrás da JUSTIÇA pra que esse ser que tirou a vida dela tenha o lugar dele, sendo primeiro na JUSTIÇA do homem, aqui na terra, e depois prestar contas com DEUS. Todos juntos vamos até o fim. Não vamos deixar isso passar em branco.

Assinado: Silvana Hedler Silveira – irmã da Suelen

O processo

O motorista que dirigia o Jaguar, que bateu contra o Pálio onde estavam as vítimas, na BR-470, em Gaspar, na madrugada do dia 23 de fevereiro de 2019, deve responder por dois homicídios e três tentativas de homicídio no Tribunal do Júri. Porém o julgamento ainda não tem data para ocorrer. Evânio Wylyan Prestini chegou a ficar preso por seis meses no Presídio Regional de Blumenau, mas ganhou a liberdade em julho do ano passado. Desde então, ele cumpre medidas cautelares impostas pela Justiça.

O laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) apontou que o condutor estava a 92,3 km/h no momento da colisão. Minutos antes da batida, o carro foi filmado ziguezagueando em trechos da rodovia. O teste de alcoolemia realizado no local pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontou 0,72mg/l – índice criminal. Ele saiu ileso. Já a motorista do Pálio e outras duas passageiras que sobreviveram sofreram ferimentos e carregam traumas até hoje. O caso mais grave foi de Maria Eduarda Kraemer.

A jovem de 25 anos ficou internada no Hospital Santo Antônio, fez uso de cadeira de rodas, sessões de fisioterapia e tratamento psicológico. Em abril do ano passado, o juízo da 4ª Vara Cível da Comarca de Blumenau determinou que o réu, o pai dele e a seguradora pagassem todas as despesas médicas da vítima. A defesa tentou recorrer ao Tribunal de Justiça (TJSC), em Florianópolis, sem sucesso. As outras famílias seguem com processos na Justiça, com pedidos de indenização.

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